31 de julho de 2006

Série CAI O PANO - 4

CAI O PANO – Parte 1
PROJETO ZONA DE RETAGUARDA: O CORREDOR DE TORDESILHAS (4)

Não é de hoje que o Oriente vem infiltrando agentes de esquerda no Ocidente para atuar segundo as teorias de dominação de Gramsci. Em território norte-americano e europeu, o movimento no sentido de desenvolver mecanismos decisórios multilaterais, através de organismos internacionais como a ONU, por exemplo, despontou inicialmente no meio estudantil, já em 1962, com o Port Huron Statement of the Students for a Democratic Society, que exigia que os EUA deixassem de ignorar os ‘problemas globais’ e reconhecessem sua responsabilidade, empenhando-se em resolvê-los. Em outras palavras: envergonhe-se de ser americano.


Os oito anos do Governo de Bill Clinton foram fundamentais para a expansão da esquerda globalista. E quem são essas pessoas e o que eles querem? Colocando de forma bem resumida, essa gente quer o monopólio dos meios de produção (desde a extração de matérias primas à venda no varejo), um Estado forte e universal (sem fronteiras – ainda que elas continuem a existir folcloricamente) e uma sociedade universal mística (e não religiosa). Eles querem um Capitalismo de Estado ou, como preferem outros, um Comunismo de Mercado – é a ditadura da Nova Ordem Mundial. Chame-se do que quiser, uma coisa é óbvia: eles precisam falsificar o exercício da democracia e destruir o Cristianismo, os fundamentos da Economia de Mercado e, é claro, o Estado norte-americano que é o sustentáculo bélico dessas coisas.


George W. Bush (em minha opinião, a maior incógnita do início deste século, e somente na conclusão da Série eu falarei porquê) foi eleito para o seu primeiro mandato de Presidente dos EUA em 2001. Assumiu o cargo desprivilegiando a ONU, na medida em que reconheceu publicamente que este organismo já vinha há muito atuando contra os interesses do Estado norte-americano; proclamando a falência do Tratado Antimísseis de 1972 e da doutrina da Destruição Mútua Assegurada (MAD) e retomando o Guerra nas Estrelas, de Ronald Reagan, sob o nome de Defesa Nacional Antimíssil (NMD, em inglês) acrescentando ao original uma camada de mísseis Robust Nuclear Earth Penetrator (RNEP), os chamados bunker buster, que serviriam para destruir abrigos e instalações nucleares subterrâneas. Isso significa que não haveria mais a intensão de poupar dos ataques aqueles que conseguissem sobreviver em abrigos nucleares, apagando a fronteira entre guerra nuclear e convencional.


Essa foi a resposta dos EUA à esquerdização e ao plano soviético-oriental de conquista de sua ZONA DE RETAGUARDA na América do Sul. Ou seja: “tudo bem, não podemos usar o escudo antimísseis para nos proteger porque não teremos mais nossa ZONA DE RETAGUARDA; porém, nossos inimigos também não poderão usufruir da ZONA DE RETAGUARDA que tomaram de nós, uma vez que não haverá sobreviventes – nós os exterminaremos com os bunker buster”.


A resposta do Oriente veio em 11 de setembro de 2001, com os ataques suicidas às Torres Gêmeas de Nova Iorque: “tudo bem, vocês têm os bunker buster para nos destruir e eliminar nossa possibilidade de sobrevivência aos ataques nucleares; mas nós temos um enorme exército de suicidas espalhados pelo mundo e dentro dos próprios EUA para acabar com vocês também”.
OBS: Problemas no Blogger impediram a publicação das fotos. Por isso, seguem os links para as mesmas.

A expressão de Bush ao ser informado sobre o primeiro e o segundo ataques às Torres diz tudo – é a expressão de quem sabia do que se tratava. A expressão da primeira foto é a de quem se surpreende com algum atrevimento e não com uma coisa da qual não se tinha a menor idéia. A expressão da segunda fot é a de quem pensa: “It’s done” (está feito) e não tem mais volta.


A Guerra Fria não acabou (e nem mudou de nome oficialmente, embora muitos a chamem, hoje, de Segunda Guerra Fria) e a URSS assim como escondeu por anos a fio de sua própria população e do mundo o desenvolvimento de seu sistema de proteção nuclear, descentralizou seu poderio bélico, disseminando armas nucleares e tecnologia de ponta para muitos de seus aliados, desviando as atenções do mundo, da Rússia e da Ucrânia, que continuam a perseguir a construção do sistema de defesa nuclear Oriental (nestes dois países ou em outro lugar qualquer). Encontrou um aliado pronto para destilar seu ódio contra americanos, europeus e judeus – os radicais do Islã.

Segundo muito bem define Sérgio Augusto de Avellar Coutinho, no artigo “A nova face da Guerra Fria - Cadernos da Liberdade”: “Objetivamente, este é o confronto político-ideológico e militar que se estabeleceu entre os Estados Unidos da América (e de Israel) de um lado e o Movimento Comunista Internacional (MCI) (e os países islâmicos) de outro – a Segunda Guerra Fria” (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1397). E continua: “No quadro desta Segunda Guerra Fria é que se dá o confronto a que se tem denominado Guerra Assimétrica, caracterizada pelo terrorismo internacional de origem islâmica e pelo acionamento paralelo de uma ampla campanha de propaganda adversa das esquerdas em escala mundial contra os chamados países imperialistas”.

Na América Latina, a estratégia Oriental comunisto-soviética de multipolarizar a nuclearização de seus aliados e de inviabilizar a ZONA DE RETAGUARDA Ocidental deu origem ao Foro de São Paulo - reunião de todos os grupos de esquerda da América Latina e do Caribe, com representantes de 48 diferentes partidos comunistas e de grupos terroristas – reunido em 1990, pouco tempo antes do “fim” da URSS. Já no segundo encontro do Foro as resoluções aprovadas em plenárias passaram a ser consideradas deliberativas, isto é, decisórias em termos de cumprimento pelos partidos e organizações membros do Foro, transferindo para um segundo plano os interesses nacionais dos membros que ocupassem cargos estratégicos e/ou de governo em cada país. O objetivo desse grupo é transformar a América Latina num bloco comunista. Luis Inácio Lula da Silva e seu companheiro Marco Aurélio Garcia são fundadores e líderes do Foro.

Para tirar qualquer sombra de dúvidas do comprometimento da esquerdização da América Latina, especificamente do Brasil, com a estratégia de dominação da ZONA DE RETAGUARDA, é só olhar com mais cuidado o que aconteceu com o Centro de Lançamento de Alcântara, criado em 1980. Em maio de 2000, o Governo de FHC assinou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com Washington, garantindo aos EUA o direito de usar a base. Mas, por força da Constituição nacional, o acordo precisava da aprovação do Congresso. Não faltou mobilização em contrário: em 24 de junho, 3.000 pessoas lotaram o teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, para lançar o manifesto nacional contra o acordo. Participaram do ato, entre outros, João Pedro Stedile (MST), Waldir Pires (PT) (atual Ministro da Defesa), Leonel Brizola (PDT) e o brigadeiro Rui Moreira Lima. O acordo não saiu, em última instância, quando a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados o rejeitou por unanimidade, a partir de um relatório do então deputado e atual Ministro da Defesa de Lula, Waldir Pires (PT-BA), que considerava os seus termos lesivos à soberania nacional.

Em novembro de 2004, entretanto, o Presidente Lula assinou decreto que promulgou acordo idêntico entre Brasil e Ucrânia. Só para se ter idéia, além de impedir a presença de brasileiros na base, o acordo não permite que os participantes ucranianos prestem qualquer assistência aos brasileiros no que se refira ao projeto e desenvolvimento de veículos de lançamentos, equipamentos da plataforma de lançamentos e espaçonaves - a menos que haja autorização do governo da Ucrânia. O Ministro Waldir Pires, desta vez, afirmou que o acordo entre Brasil e Ucrânia foi assinado num contexto político-diplomático inteiramente diferente do que havia quando o governo passado propôs acordo similar com os EUA. Pires justifica-se dizendo que a Ucrânia não se nega a transferir tecnologia ao Brasil (o problema é que ele não especificou de que tecnologia estava falando). O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Direito Aeroespacial, José Monserrat Filho, disse o seguinte: "Dinheiro não tem cor, e assim que entrar no caixa único do governo, o Brasil pode investir onde quiser". Mas, quando era vermelho, azul e branco tinha...

Refletindo: Reportem-se aos acontecimentos mais recentes do Brasil. A esquerda engana muitos militares com um discurso nacionalista e ufanista. Não cansarei de repetir: a esquerda não tem nada de nacionalista; ela é universalista. Não há nada de nacionalismo e muito menos de antiimperialista no que essa gente faz. Eles são contra o “imperialismo” da cultura Ocidental (representada pelo Estado norte-americano embrionário e pela maioria do povo que habita aquela terra), mas estão em plena sintonia com o imperialismo das oligarquias corporativistas e globalistas. As conquistas das esquerdas empurram o Brasil cada vez mais para trás. Reparem...reflitam...

O resultado prático dessa guerra pela ZONA DE RETAGUARDA é que o Brasil viu malograr a tentativa de lançar três dos protótipos do Veículo Lançador de Satélite (VLS-1), respectivamente em 1997, 1999 e em 2003, quando um acidente matou 21 pessoas. Quanto ao desenvolvimento do primeiro submarino nuclear nacional, se as previsões da Marinha estiverem certas e se o governo brasileiro continuar investindo no projeto, até 2025 o Brasil conseguirá ter a sua tão sonhada arma – o projeto foi iniciado em 1979. "Se a missão é defender o país, então eles estão no caminho errado, já que o submarino pode representar um risco para nós mesmos. Se chegar a ser produzido, o submarino será uma 'Chernobylzinha' flutuante", afirma o coordenador da campanha Nuclear do Greenpeace, Ruy de Góes. Vale lembrar que, em 1974, o Brasil ameaçava o mundo desenvolvido tamanho era o seu desenvolvimento na indústria nuclear e aeroespacial.


Refletindo: O que somos agora? Em quanto tempo (anos-luz, na verdade) vimos nossos projetos serem retardados? Repito: não há nada de nacionalismo na esquerda brasileira...

Resumindo: o Terrorismo e o Crime Organizado são o braço armado do Movimento Comunista Internacional. A China, fingindo ser uma economia de mercado, rouba tecnologia do mundo desenvolvido (tecnologia que custou anos e anos de investimentos e estudos aos povos chamados de imperialisto-capitalistas), através da abertura de mercado aos investimentos estrangeiros. A ela também foi dada a missão de tomar os mercados de produtos industrializados do mundo capitalista, levando milhares de indústrias locais de diversos países à falência, uma vez que não há como concorrer com os preços dos produtos chineses numa economia de mercado convencional. O império chinês também pesquisa armas de destruição que não possam ser paradas pelo escudo de defesa norte-americano, enquanto a Rússia e Ucrânia continuam empenhadas na corrida armamentista, construindo o escudo anti-nuclear do Oriente. Ao Foro de São Paulo foi dada a missão de inviabilizar a ZONA DE RETAGUARDA norte-americana na América do Sul, destruindo-a ou transformando-a em ZONA DE RETAGUARDA comunista. Os mega-empresários das transnacionais, objetivando a construção da Nova Ordem Mundial – Maçons e Iluministas, agora divididos (esse é assunto para mais tarde) – coordenam toda a estratégia, comprando pessoas, governos e instituições, disseminando ONG(s) e patrocinando a propaganda do “socialismo” e do “politicamente correto”.

George W. Bush é a incógnita do início do século XXI. Não se consegue determinar o que está por trás nem do homem nem do Estadista. Ora parece servir aos Iluminados, ora aos interesses do povo e da nação norte-americana... Como já disse, isso é assunto para lá perto da conclusão desta série...

24 de julho de 2006

Série CAI O PANO - 3



CAI O PANO – Parte 1
PROJETO ZONA DE RETAGUARDA: O CORREDOR DE TORDESILHAS (3)

O ano de 1983 foi decisivo na história da civilização atual. No dia 22 de março daquele ano, o então Presidente norte-americano, Ronald Reagan, propôs, em cadeia nacional de TV (dos EUA), o estabelecimento de um escudo antimíssil no espaço – a Iniciativa Estratégica de Defesa (IDE, em inglês). Ela se baseava na colocação em órbita de sete camadas de defesa antimíssil – um sistema que, se aprovado naquela época, levaria cerca de 20 anos para ser totalmente implantado e precisaria que o Congresso americano aprovasse um orçamento especial de 5,2 bilhões de dólares já para 1987.

Dentro do próprio Governo americano, o Secretário de Estado George Shultz insurgiu-se contra a proposta de Reagan, dizendo tratar-se de uma violação do Tratado de Mísseis Antibalísticos, de 1972. O Congresso, de maioria democrata (portanto contrário ao partido Republicano de Reagan), reduziu o orçamento do Pentágono para 3 bilhões de dólares.
Em vermelho, abaixo, um pequeno texto esclarecedor. O artigo continua normalmente após esse trecho.

GUERRA NAS ESTRELAS

O Governo de Ronald Reagan passou a estudar a instalação antecipada do sistema IDE que previa a implantação de 3 das 7 camadas de defesa originais do projeto (em 10 anos!).

Primeira Camada: formada por pequenos foguetes interceptadores colocados em garagens espaciais, para destruir mísseis inimigos em sua fase de vôo inicial – ainda ao deixarem os silos para entrar em órbita.

Segunda Camada: formada por foguetes ERIS (Sistema Exosférico de Interceptação de Veículos de Reentrada), lançados da superfície terrestre, para interceptação das ogivas na parte média de suas órbitas, contando com dispositivos capazes de encontrar e de destruir as ogivas nucleares no meio das inúmeras falsas que visam confundir as defesas.

Terceira Camada: formada pelos mísseis HEDI (Interceptador de Defesa de Alta Atmosfera), capazes de destruir, por impacto, as ogivas atacantes remanescentes, no momento em que estivessem reentrando na atmosfera. Como as ogivas falsas são feitas de estruturas metálicas leves, elas se desintegrariam ao reentrar na atmosfera, de forma que os HEDI só teriam ogivas verdadeiras pela frente.

E essas são apenas as três primeiras camadas. Com as outras 4 restantes, os EUA seriam imbatíveis e indiscutivelmente os donos do planeta. Há especialistas que afirmam que essas 3 camadas seriam capazes de destruir “apenas” 9 em cada 10 ogivas inimigas e que, a soma dessas “umas” restantes já seria suficiente para destruir grande parte dos EUA. Verdade ou não, sabe-se muito mais sobre o que se passa nos EUA do que na Rússia, sobre a qual se tem conhecimento apenas de que 150 milhões de dólares já haviam sido investidos em projeto similar. O fato é que o interesse russo em retardar a implantação do projeto de defesa nuclear americano, como veremos logo abaixo, demonstra que os EUA estavam com franca vantagem: tanto no desenvolvimento de seu escudo anti-nuclear como no de sua ZONA DE RETAGUARDA.

Russos e americanos há muito faziam planos para uma guerra no espaço. A diferença entre eles é que na URSS as coisas eram feitas sem o conhecimento do povo soviético e da imprensa do mundo. Já nos EUA, berço das liberdades democráticas, eram muitas as manifestações sobre a IDE, muitas delas contrárias ao projeto, não apenas por razões demagógicas ou ideológicas, mas por uma razão mais concreta: a incontestável superioridade dos EUA poderia representar um fator de risco muito grande para a guerra nuclear, uma vez que uma das reações dos russos poderia ser de adiantar o ataque, antes que o escudo estivesse totalmente pronto.

A URSS havia perdido a corrida nuclear em duas frentes: no sistema de defesa e na construção de sua ZONA DE RETAGUARDA (na África Meridional)(*). Sob o regime comunista, os aliados do Pacto de Varsóvia, não conseguiam mais sustentar os investimentos necessários à competição bélico-nuclear. A estratégia norte-americana era justamente asfixiar a economia soviética pela obrigatoriedade de alocar cada vez mais recursos para investimentos em armas, para acompanhar a corrida armamentista. À URSS restavam, primeiramente, duas alternativas: atacar desde logo, antes da construção do escudo espacial americano ou retardar a sua implantação pelo tempo necessário à construção de seu próprio escudo (o que já estava sendo feito).

Atacar imediatamente não era possível porque a ZONA DE RETAGUARDA soviética estava muito longe de estar pronta para garantir as necessidades pós-ataque nuclear dos sobreviventes. Investir no retardamento da construção do escudo norte-americano também poderia não garantir tempo suficiente para que a Rússia montasse seu sistema de defesa. Surgiu uma terceira opção, que deveria andar junto com a segunda: inviabilizar a ZONA DE RETAGUARDA Ocidental, de preferência tomando-a para o Oriente e não optando por destruí-la simplesmente. Afinal, do que adiantaria, para o Ocidente, dispor do mais eficiente sistema de defesa, se não pudesse contar com sua ZONA DE RETAGUARDA?

Retardar o escudo norte-americano e inviabilizar a ZONA DE RETAGUARDA não poderia ser feito sem a mobilização do enorme exército de agentes pró-soviéticos espalhados pelo mundo (Komintern), infiltrados em todos os setores das sociedades ocidentais democráticas, inclusive e principalmente nas mais desenvolvidas. Era a hora e a vez de colocar as técnicas de dominação gramscinianas em prática. Dinheiro, muito dinheiro, seria necessário para colocar um plano desses em ação - recurso que não tem como vir da livre concorrência e da economia formal, mas sim do submundo do crime: do tráfico de drogas e de armas, do contrabando e da falsificação de mercadorias, da indústria do terrorismo, da lavagem de dinheiro e da financeirização inescrupulosa do capital (desde a manipulação das bolsas de derivativos à de falsificação de juros, passando pela transformação de recursos minerais em armas de destruição econômica).

A ascensão ao poder de Mikhail Gorbachev, a Perestroika (abertura) e a Glasnost (transparência) são frutos da estratégia da reação russa – a abertura da China, também. A Perestroika e a Glasnost alimentaram o povo com a esperança capaz de promover o resfriamento social, já muito mais que necessário à época, e funcionaram para a opinião pública mundial, inclusive e principalmente para a americana, como fontes de argumentos para desviar recursos do projeto da IDE norte-americana. Entretanto, apenas os mais distraídos não observavam o que estava por trás de Gorbachev. Notícias não faltavam. O Jornal do Brasil, por exemplo, em 3 de fevereiro de 1989, publicou um artigo sob o título “Corrida Armamentista pode impedir reformas na URSS”:

O líder do PC soviético, Mikhail Gorbachev, poderá ser derrubado pelos militares se fracassar em obter o cancelamento do programa americano IDE. A advertência foi feita ontem, na Suécia, pelo Diretor do Instituto de Pesquisas para a Paz (SIPRI)”... “Walter Stuetzle, que assumiu a direção do SIPRI em outubro passado, alertou que os militares soviéticos não tolerarão a continuação do programa de reformas de Gorbachev se não tiverem certeza de que a IDE americana não sairá”.

Abaixo, 2 parágrafos explicativos grifados em vermelho. O artigo continua, normalmente, depois.

Em 1991, a popularidade de Gorbachev, presidente da União Soviética, estava em baixa, por causa da falta de resultados das suas reformas, na tentativa de “melhorar a vida da população”. Nesse momento membros da velha guarda do Partido Comunista e alguns militares decidiram dar um golpe de estado. Tanques tomaram as ruas de Moscou. Um grupo de golpistas foi à Criméia (sul da Ucrânia), onde o presidente Gorbachev estava passando férias, e o colocaram em prisão domiciliar. Na ausência de Gorbachev, o presidente da Rússia, Boris Yeltsin, assumiu o papel de defensor da “democracia” e conquistou grande apoio popular. Yeltsin seguiu para o Parlamento russo transformando-o na base da resistência contra o golpe. Milhares de pessoas seguiram para o local e montaram acampamento do lado de fora do prédio, impedindo que tanques atacassem o Parlamento. Os golpistas não contavam com a mobilização popular e a liderança de Yeltsin e, depois de apenas três dias, a tentativa de golpe fracassou.

Gorbachev voltaria a Moscou enfraquecido, por causa da ascensão de Yeltsin. O golpe também havia sido a “gota d'água” que faltava para o desmoronamento da União Soviética. O presidente russo e outros líderes de repúblicas soviéticas iniciaram negociações para a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que uniria boa parte dos ex-países soviéticos. Em dezembro de 1991, a União Soviética, finalmente, deixou de existir. No dia 25, o presidente Gorbachev foi à TV para comunicar ao povo que estava deixando o cargo. O homem cumpriu seu papel na encenação do FIM e retirou-se do cenário ativista. Entretanto, os comunistas que dominaram o país por 69 anos sobreviveram à queda da URSS e querem implantar no governo de hoje uma social-democracia semelhante à encontrada nos países escandinavos. – que nada mais é do que o Capitalismo de Estado.


Trocando em miúdos: 1) se Gorbachev falhasse; 2) se as esquerdas socialistas não conseguissem neutralizar a capacidade de ação dos governos democráticos no sentido de atrapalhar a expansão do poder norte-americano; e 3) se a América Latina não fosse esquerdizada, a Rússia e seus aliados não esitariam, por um minuto sequer, em atacar os EUA e a Europa, com armas nucleares, antes que o escudo nuclear americano estivesse totalmente pronto.

Pasmem! Isso continua em processo, o que significa dizer que a hipótese de guerra nuclear entre Ocidente e Oriente ainda está a nortear os destinos do mundo. Não é por acaso que as superarmas, nascidas da nanotecnologia, estão em pleno desenvolvimento – pela silenciosa China, principalmente (**). Evitar que os povos do planeta tomem conhecimento do que se passa exige esforço incessante da esquerda globalista, assim como também não interessa, pelo menos por enquanto, aos aliados Ocidentais revelar ao mundo que, se preciso for, também poderão dispor de seu arsenal para destruir o inimigo. Nenhum cidadão normal, pai ou mãe de família, trabalhador, nem russo nem norte-americano, concordaria com uma corrida ao suicídio nuclear como essa!

É justamente aqui que está a parte mais abominável da estratégia absurda e facínora do Oriente para vencer o Ocidente. Reparem que acima eu falei “nenhum cidadão normal, pai ou mãe de família, trabalhador”. Isso exclui os miseráveis, os que não enxergam beleza na vida, os que não acreditam em punição divina e os que sofrem lavagem cerebral, desde a mais tenra infância, com ensinamentos de ódio e de vingança, para enxergarem os “inimigos” como entidades e não como seres humanos – ou seja, para esse tipo de pessoa, um cidadão americano não é um ser humano, ele é um imperialista. Desinformação (ou má formação intencional) e ódio são armas tão ou mais poderosas e destruidoras quanto os artefatos militares. Lavagem cerebral e ódio produzem desde os homens que destroem a pauladas pequenos patrimônios públicos e particulares, ferindo e até mesmo matando outros homens, até os suicidas do terror.
Abaixo, mais um parágrafos para esclarecimento:
O Irã, por exemplo, afirma ter 40 mil suicidas para atacar alvos norte-americanos e britânicos – sendo que 5 mil deles estariam dentro dos próprios EUA. Não só afirma como, em março de 2006, colocou representantes desse “pelotão” para desfilar numa parada militar dos Guardas da Revolução naquele país, mascarados e devidamente paramentados com cintos cheios de explosivos. Segundo Hassan Abbasi, um dos responsáveis pelos Guardas da Revolução, já foram escolhidos 29 alvos ocidentais para a ação dos comandos suicidas.


(*) A atuação da URSS no sentido de fazer da África a sua ZONA DE RETAGUARDA foi de um fracasso estrondoso e de uma dificuldade imensa, principalmente porque, naqueles continente não havia, abaixo da linha do Equador países de dimensões continentais – como era o caso do Brasil, na América do Sul. Além disso, a África do Sul era um pólo de resistência fortíssimo ao comunismo. Entretento, aos trancos e barrancos, no final dos anos 70, a URSS parecia ter adquirido uma posição permanente e privilegiada na África: Líbia, Etiópia, Somália, Guiné, no Congo, Angola, Moçambique e a simpatia de países como Zâmbia e Tanzânia.

Não por coincidência, como demonstra a questão das zonas de retaguarda, a partir de 1985, inicia-se o começo da retirada soviética (e cubana). Vários regimes pró-soviéticos entraram em colapso e a norma da intangibilidade das fronteiras foi abandonada, com a fragmentação da Etiópia, da Somália, das ameaças em Gâmbia e no Senegal, além da continuidade da guerra no Congo/Kinsahasa e no Sudão. Na Etiópia, abrem-se períodos de crise, instabilidade e guerra civil, culminando na secessão da Eritréia. Na Somália chega-se ao completo colapso das estruturas estatais existentes, com a pulverização do Estado-Nação e a hegemonia de “senhores da guerra” locais, muitas vezes apoiados por organizações terroristas, como a Al Qaeda e o Ansar-El-Islam.

Em Angola e Moçambique, não sem muita dor e destruição, a desaparição do clima de enfrentamento Ocidente/Oriente acaba por abrir caminho, a processos de paz, de frágil densidade. Na Rodésia e na África do Sul, a conversão dos partidos de resistência às normas da representatividade, ao lado da intensidade da resistência local e da condenação externa, acaba por levar a auto-reforma dos regimes, em especial a partir de 1990, com a legalização do Congresso Nacional Africano (CNA), com o fim do Apartheid em 1991 que culminou com a eleição de Nelson Mandela em 1994.

Com a expansão das guerras locais e dos genocídios, a fome reaparece em vastas regiões já arrasadas por tragédias climáticas, como no largo cinturão do Sahel, do Niger ao Sudão. No sul da África, bem como na África Oriental, as epidemias de tuberculose e AIDS atingem parcelas assustadoramente amplas da população local, enquanto na África Equatorial a malária, a dengue e o vírus Ebola são as razões das elevadas taxas de mortalidade. Em suma, no alvorecer do século XXI, o continente africano é, ainda, mais pobre, complexo e perpassado pelos flagelos da guerra, da fome e das doenças do que no início do processo de descolonização na década de 60 do século XX.

Com exceção das partes sublinhadas, o material compilado do artigo A RÚSSIA E A ÁFRICA, de Francisco Carlos Teixeira - professor Titular de Historia Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – e do artigo A INTERVENÇÃO CUBANA EM ANGOLA (COM A AJUDA DO BRASIL), de Paulo Diniz Zamboini – no Mídia Sem Máscara, em 18 de setembro de 2002.

(**) A próxima superarma será superior às armas nucleares, que, ainda hoje, sem a concretização do Escudo Espacial Norte-Americano, não conseguem destruir a capacidade de retaliação nuclear inimiga - tais como submarinos de águas profundas com mísseis nucleares, que, caso uma potência nuclear destrua a outra, podem ainda contra-atacar o inimigo com mísseis nucleares. Assim, ao contrário do escudo – que evitaria a destruição dos países do bloco Ocidental (de caráter defensivo, portanto), a superarma pós-nuclear tem o objetivo de destruí-lo por dentro. Seria o andamento da quarta opção Oriental na guerra contra o Ocidente e seu Escudo Anti-Nuclear.

As superarmas são sempre desenvolvidas em novos campos da ciência e da tecnologia que vão surgindo ao longo dos anos. A nanotecnologia, fundada por Eric Drexler, em 1986, é um novo campo da ciência e da tecnologia. Aplicações comerciais em nanotecnologia têm sido desenvolvidas no Ocidente por empresas privadas, enquanto suas aplicações militares – adotadas na China - têm sido desprezadas pelos sucessivos governos americanos e seus aliados ocidentais.

Na China, em 1986, a fundação do Programa 863 para o desenvolvimento de superarmas, em sete campos distintos, foi noticiado na imprensa chinesa - até revistas chinesas disponíveis a qualquer turista falam sobre isso. Os ditadores chineses recebem ajuda científica e tecnológica da Rússia – objetivo: a aniquilação do Ocidente (2006? 2008? 2010?). Tais ditadores chineses não precisariam cooptar nenhum país no caso de um ataque com superarmas - quando estiverem prontas, o Ocidente se renderá incondicionalmente, como aconteceu com o Japão em 1945, ou acabará se tornando uma colônia chinesa, um tipo de Hong Kong do Atlântico Norte.

Se os países muçulmanos se unificassem, o Império Teocrático Islâmico resultante também iniciaria o desenvolvimento de superarmas, que poderiam ser usadas concomitantemente com o terrorismo suicida. Então, a questão crucial seria entre a China e o Império Teocrático Islâmico, relegando o Ocidente para segundo plano, já que, aparentemente, os presidentes americanos, sejam eles republicanos ou democratas, não têm feito nada para evitar ou mesmo prevenir isso.

A maioria dos ocidentais não está preocupada com a destruição do Ocidente (porque nem passa pela cabeça deles que isso seja possível ou mesmo desejado). Eles se preocupam somente com suas vidas particulares, dentro das quais o dinheiro é um dos itens de grande importância. Por causa disso, aproveitando a “abertura” do mercado chinês e desejando expandir seus negócios, um grande número de empresários americanos está fazendo negócios com a China, transferindo para lá a alta tecnologia que a ditadura necessita para desenvolver superarmamentos pós-nucleares capazes de destruir ou neutralizar os meios que o Ocidente teria para retaliação, no qual o Mutual Assuired Destruction (MAD)(Destruição Mútua Assegurada) e, conseqüentemente a paz, se apóiam.

As pessoas que vão à China (turistas e principalmente empresários) não têm o menor conhecimento do lugar, ficam impressionadas e simplesmente não acreditam quando se diz a elas, por exemplo, que 10 mil pessoas são executadas por ano, que existem muitos campos de trabalhos forçados ou quando se fala sobre tudo aquilo que realmente passa pela cabeça dos governantes chineses. Não só na deles como também na de muitos chineses - todos obcecados com o sonho do império mundial e com o estabelecimento do Comunismo Chinês no mundo todo, como previram Marx, Lênin e Mao. Os chineses já deixaram bem claro sua estratégia. Deng Xiao Ping disse ao seu povo que eles devem se manter “na surdina” até que eles tenham a vantagem, e certamente é isso que muitos deles estão fazendo.

Baseado na entrevista de Lev Navrozov ao Mídia Sem Máscara, em 16 de novembro de 2005.

17 de julho de 2006

Série CAI O PANO - 2

CAI O PANO – Parte 1 (2)
PROJETO ZONA DE RETAGUARDA: O CORREDOR DE TORDESILHAS (2)
Pequena Introdução

Por ser esta série de artigos longa e ter que ser divulgada em capítulos, pode a princípio passar a impressão de que rumará ao ufanismo antiimperialista, como acontece com tantas outras análises. Não rumará. Ela pretende estabelecer uma base de raciocínio para a discussão de um posicionamento brasileiro em relação às forças de poder mundialmente estabelecidas, a fim de transformar o Brasil, de objeto manipulado, em parceiro consciente, com direito a voto e a todos os benefícios de desenvolvimento, pela posição estratégica que ocupa no cenário de disputa mundial. O objetivo é: Conhecimento, Conscientização, Escolha de Parceiros Ideológicos e Econômicos (Pró-Ocidentais) e Imposição Inteligente de Contrapartidas Beneficiadoras.


A proteção da ZONA DE RETAGUARDA deveria ser feita antes, durante e depois da guerra nuclear. Antes, porque era preciso neutralizar as tentativas de URSS de inviabilizar a área para funcionar como ZONA DE RETAGUARDA (o que era tentado através da esquerdização do Brasil); durante, ainda que uma guerra como essa devesse ser de curta duração, porque a sobrevivência dos aliados do hemisfério norte precisaria que o corredor de suprimentos funcionasse perfeitamente; e, depois, porque certamente, após os ataques nucleares, haveria a continuação dos combates pela guerra tradicional.

Os investimentos, pois, na proteção, começaram pela indústria bélica: o Brasil foi transformado no segundo produtor naval do mundo, no sexto maior produtor de aviões e no sétimo exportador mundial de armamentos. A extraordinária expansão da indústria bélica brasileira garantiu ao país importante posição mundial no fechadíssimo clube de produtores/exportadores de armas.

O sistema de vigilância aérea foi mais simples de realizar, já que no Brasil, o antigo Ministério da Aeronáutica centralizava as duas atividades envolvidas na proteção aérea: proteção ao vôo, de caráter civil, e vigilância/interceptação aérea, de conotação puramente militar. Os investimentos, portanto, quando feitos para a proteção ao vôo, serviam subsidiariamente às necessidades militares, posteriormente atendidas, em parte, pelos projetos CINDACTA I e II (respectivamente em Brasília e Curitiba) – rigorosamente dentro do Corredor de Tordesilhas.

Se a Leste estávamos protegidos pelo Oceano e a Oeste pelos Andes, a noroeste nossa fronteira era fracamente ligada ao resto país – por causa da baixíssima densidade demográfica e da separação física promovida pela calha do Amazonas, além de ser altamente vulnerável às influências dos países limítrofes e da América Central. As tentativas de correção desta vulnerabilidade resultaram em soluções desarticuladas: tentativa de construção da Perimetral Norte, criação da Zona Franca de Manaus, projeto Calha Norte, Projeto SIVAM, etc.

Ao contrário do que acontece no país, nos últimos 20 anos, não parecia existir nos governos anteriores a 1985 uma cumplicidade consciente com essa estratégia alienígena – tanto é que foi preciso usar uma série de artimanhas articuladas por organismos como Banco Mundial, FMI, ONU, entre outros, para que o país fosse caminhando em direção aos objetivos da OTAN. Diferentemente do que ocorre hoje em dia, aqueles projetos realmente pareciam ir de encontro aos anseios nacionais (pelo menos nas intenções). No caso do projeto Calha Norte, por exemplo, era óbvio o interesse nacional envolvido (defender uma área politicamente instável das influências externas), assim como a construção de Brasília representava um importante passo para o desenvolvimento e para a integração do país.

Especialmente no final dos anos 80 discutia-se muito acerca da dívida externa do Brasil, do salto enorme que havia dado desde 1973, de seu inacreditável volume, de suas conseqüências e, principalmente, de suas causas – da suposta leviandade que moveu os banqueiros internacionais ao emprestarem dinheiro a quem não poderia pagar, e do Brasil, ao aceitá-lo. Na verdade, o desejo nacional de um Brasil potência – e o interesse estratégico exógeno de preparação da ZONA DE RETAGUARDA – propiciou, nos quarenta anos após a Segunda Guerra Mundial, uma luta persistente na implantação de uma infra-estrutura capaz de viabilizá-lo.

Isso se constituiu no primeiro degrau de nosso endividamento, mantidas, embora, as condições de controle de nossa balança comercial, que suportava perfeitamente a taxa de acumulação da dívida, na medida em que os prazos para pagamento eram compatíveis com a entrada em operação (e conseqüentemente de retorno financeiro) das obras financiadas. Em se mantendo esse ritmo, O Brasil encontraria o seu grande destino em pouco tempo e passaria não só a interferir nos interesses comerciais dos países do norte, mas principalmente a resolver os seus problemas internos – com a distribuição mais justa de riqueza – desviando-se do rumo externamente pretendido de constituir-se em ZONA DE RETAGUARDA.

Assim, fazia-se necessária uma intervenção, a fim de nos conduzir ao patamar desejado. Ao analisar nossa pauta de importações, seria fácil perceber onde estava o nosso “calcanhar de Aquiles”: 12% eram destinados à importação de petróleo. Surge, então, no jogo internacional, uma nova peça – a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Em 1973, o barril de Petróleo saltou de 3 para 12 dólares, fazendo com que nossa conta anual passasse de 718 milhões para 2.812 bilhões de dólares em apenas um ano, significando um déficit na balança comercial que partiu de zero para 10,5 bilhões de dólares em 3 anos.

Não havia como pagar, senão recorrendo a empréstimos externos. Para fazer estes empréstimos, os bancos internacionais exigiam que o Brasil tivesse um saldo mínimo na Balança Comercial. Por isso o país diminuiu as importações e aumentou extraordinariamente suas exportações. Entretanto, o petróleo passou a ocupar grande parte destas importações, na medida em que precisávamos dele para alimentar a indústria da exportação. E, como os preços do petróleo fugiam ao nosso controle, eles eram sistematicamente aumentados e nossa dívida não parava de crescer, ainda que nossa balança comercial apresentasse valores superavitários recordes.

Inteligentemente, o Brasil investiu na mudança do perfil de consumo de combustível interno com o programa Proálcool, inclusive com a criação de automóveis movidos exclusivamente a álcool. Nossa conta de petróleo caiu, de 1981 a 1984, de 11 para 6,8 bilhões de dólares. Havíamos vencido a crise? Não. Surgiu um novo inimigo no jogo: a partir de 1979/80, as taxas de juros sairiam do patamar histórico de 6/7 % para os inimagináveis 21,5% ao ano. À época, o Presidente do Banco Central dos EUA (Federal Reserve System), Paul Volcker disse: “A taxa de juros desgarrou-se da inflação, da prudência e da História. Essa perversão pode desencadear a recessão em escala mundial e provocar a inadimplência de todos os países endividados em moeda forte”. Como poderia o Presidente do Banco Central da maior potência mundial permitir que isso acontecesse? Simples: o dinheiro obtido pelos estratosféricos superávits da Balança Comercial da ZONA DE RETAGUARDA deveriam SEMPRE ser usados para pagar os juros da dívida externa e não para aumentar o consumo interno (que viriam com o desenvolvimento, com a criação de empregos e com a melhor distribuição de renda).

Para diminuir a pressão das importações no resultado da balança comercial, tivemos que produzir internamente o máximo que podíamos – foi a política de substituição de importações. Por outro lado, tivemos que exportar para gerar divisas. Contra tudo e contra todos, o Brasil demonstrou uma capacidade e uma vitalidade incríveis para construir o país que tínhamos até os anos 80. Bastou que nos dessem uma chance de produzir e trabalhar – apesar de isso ter acontecido por causa dos objetivos estratégicos do Ocidente – para que o povo brasileiro se agigantasse e passasse a constituir um perigo para os países desenvolvidos, que, então, começaram a nos trancar as portas das tecnologias de ponta.

Há 50 anos, o Brasil era um gigante energético adormecido. Em 1945, a capacidade energética do país era da ordem de 2 milhões de quilowatts; de lá para cá, pelo menos até a década de 80, ela cresceu num ritmo de 1,5 milhões de quilowatts por ano. A grande exceção nessa rota de incessante sucesso de infra-estrutura energética foi a tentativa de implantação de centrais nucleares. A Índia era um país em desenvolvimento como o Brasil, por exemplo, e nem por isso tive dificuldades em construir sua bomba atômica nem de lançar ao espaço satélites artificiais com foguetes próprios. O mesmo não aconteceu quando o Brasil lançou o foguete SONDA IV, com capacidade para transportar 500 quilos de carga.

Um estudo realizado pelo Congresso norte-americano concluiu que o Brasil produzira, graças ao programa paralelo nuclear brasileiro, um sistema para guiar mísseis que poderia tornar a próxima geração de mísseis brasileiros idêntica aos que as superpotências possuíam à época – o Pershing I e o Scud-B – com igual tamanho e carga (obviamente tratava-se do SONDA IV e de sua versão composta, o VLS – Veículo Lançador de Satélite), que em 1989 poderia conduzir o primeiro satélite do Brasil à órbita.

No que tangia à energia atômica em si, o sobressalto residia na não assinatura, pelo Brasil e pela Argentina, do Tratado de Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e Caribe (Tratado de Tlatelolco), o que resultaria em concordância de fiscalização de nossas instalações pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Todos os entraves à decolagem de nossas Usinas Atômicas Angra II e III foram em decorrência da Estratégia Nuclear Ocidental.

Na verdade, as coisas começaram a sair do controle quando o Brasil fez um acordo de transferência de tecnologia nuclear com a Alemanha, em 1975, que resultou na contratação da construção das Usinas Nucleares Angra II e III. O projeto nuclear próprio do Brasil envolvia as Forças Armadas, a Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional e o Serviço Nacional de Informações (SNI). Foi nessa época que as “forças ocultas estrangeiras” começaram a orquestrar a hostilização das FFAA, encantando os inocentes e os esquerdistas de plantão com os discursos de “direitos humanos”, “redemocratização”, etc. O Presidente “relâmpago” (tanto para chegar à presidência como para sair de lá), Fernando Collor de Melo foi o resultado prático dessa hostilidade.

Um dos primeiros atos do Presidente eleito foi extinguir o SNI, o Conselho de Segurança Nacional e a Nuclebras. O Brasil assinou finalmente o Tratado de Tlatelolco, obrigando-se a ser vigiado em seus projetos nucleares por comissões dos países desenvolvidos do Ocidente, e as atividades nucleares das FFAA foram inviabilizadas pelos cortes nos recursos. Foram retardados e até inutilizados projetos como: a base de lançamento de Alcântara e de foguetes; o submarino nuclear; os reatores de grafite; e enterrou-se o chamado “Buraco de Cachimbo”, destinado a explosões nucleares subterrâneas. Estava inaugurado no Brasil o processo de sucessão eleitoral de candidatos conscientemente comprometidos com as estratégias internacionais de dominação do nosso país. Morriam a inocência e o patriotismo – tudo embotado no engodo da civilização global. E, foi aí também, que o Bloco Oriental percebeu uma nova chance de conquistar a ZONA DE RETAGUARDA da América do Sul para si.

Há que se prestar muita atenção: as forças que levaram Collor à Presidência (1990) não são as mesmas que o tiraram de lá (1992). O episódio do impeachment e da renúncia do Presidente Fernando Collor de melo foi o marco inicial da Nova Revolução Comunista no Brasil, não para implantar no país o velho comunismo, como o conhecemos, mas o seu sucessor – o Capitalismo de Estado associado à Democracia de Um Partido Só (ainda que com vários nomes).
continua...

9 de julho de 2006

Série CAI O PANO

Como havia prometido para muitos dos que costumam ler as coisas que escrevo, começa hoje a publicação semanal da série de artigos CAI O PANO. Através dela, poderemos desenvolver um trabalho de entendimento do mundo e de nosso país, de maneira a fomentar discussões que nos levem a construir um modelo de atuação brasileira no cenário internacional, sem que isso se dê em detrimento dos interesses do povo brasileiro.

Pequena Introdução
Por ser esta série de artigos longa e ter que ser divulgada em capítulos, pode a princípio passar a impressão de que rumará ao ufanismo antiimperialista, como acontece com tantas outras análises. Não rumará. Ela pretende estabelecer uma base de raciocínio para a discussão de um posicionamento brasileiro em relação às forças de poder mundialmente estabelecidas, a fim de transformar o Brasil, de objeto manipulado, em parceiro consciente, com direito a voto e a todos os benefícios de desenvolvimento, pela posição estratégica que ocupa no cenário de disputa mundial. O objetivo é: Conhecimento, Conscientização, Escolha de Parceiros Ideológicos e Econômicos (Pró-Ocidentais) e Imposição Inteligente de Contrapartidas Beneficiadoras.

CAI O PANO – Parte 1
PROJETO ZONA DE RETAGUARDA: O CORREDOR DE TORDESILHAS (1)

Muito do que acontece no Brasil e em outros países do Terceiro Mundo ainda decorre da estratégia hegemônico-bélico-nuclear dos dois blocos antagônicos que continuam dividindo o mundo em ocidente e oriente. Estes dois blocos são representantes de sistemas políticos, religiosos, culturais e filosóficos incompatíveis, mas de sistemas econômicos que diferem apenas do ponto de vista dos detentores do capital: o capitalismo propriamente dito, onde imperam as leis de mercado, de oferta e de procura, e o capitalismo de Estado, baseado em taxação de trabalhadores e de pequenos e médios empresários locais, em exploração do trabalho, em oligopólios monopolistas (ainda que disfarçados sob a falsa concorrência entre várias empresas que, na verdade, fazem parte dos mesmos grupos) e num Estado forte (e corrupto).

Guerra fria? Guerra nuclear? Ocidente e Oriente? Parecem coisas do passado... Infelizmente não são. Mas, será preciso esclarecer uma série de coisas antes de discorrer sobre assunto tão amargo. Muitos já conseguiram identificar que há no mundo uma disputa e que a América Latina é o prêmio supremo, especialmente o Brasil. As razões disso é que não estão muito bem esclarecidas, uma vez que não relacionam os motivos da disputa (que são as riquezas minerais, a água, as terras produtivas, etc.) com o que realmente há por trás deles.

O perfeito entendimento dos contornos das estratégias implementadas pelos dois blocos em confronto, após a Segunda Guerra, notadamente nos seus pontos de convergência, só é possível na medida da compreensão dos reais efeitos de uma guerra nuclear. Aparentemente, sempre interessou aos dois lados a difusão da idéia de que uma guerra nuclear acabaria com a raça humana, uma vez que provocaria o inverno nuclear. Isso foi desmentido por estudos e simulações feitas por computadores do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica de Los Alamos (EUA), mas não foi ampla e mundialmente divulgado como aconteceu com a teoria do inverno nuclear do astrônomo Carl Sagan.

Na verdade, numa explosão nuclear a destruição total fica limitada a um raio de poucos quilômetros e o maior desastre é a nuvem radioativa - que tem efeito duradouro na contaminação de grandes extensões de terra, por causa de seu deslocamento com os ventos. Mesmo que muitas bombas atinjam lugares diferentes ao mesmo tempo, a destruição total não é real, em que pese a grande quantidade de baixas que ela provocará. Mesmo porque existe (e isso é público e notório) uma grande quantidade abrigos anti-nucleares espalhados pelo mundo, tanto para uma família, em residências particulares, como até para cidades inteiras. O que é real é o comprometimento do abastecimento (alimentos, água, energia, etc.) por causa da contaminação provocada pelo somatório de todas as nuvens radiativas liberadas com as explosões.

Não se está aqui querendo dizer que uma guerra nuclear seria uma coisinha à toa, da qual os sobreviventes poderiam se livrar das conseqüências num piscar de olhos. É claro que não. Levaria tempo, mas haveria sobreviventes e possibilidades de reconstrução, sem dúvida. O principal seria garantir a sobrevivência daqueles que se encarregariam da reconstrução, não só das cidades e das sociedades, mas também dos aparatos de poder (*)


Não há como entender as estratégias de guerra nuclear sem conhecer uma regra simples: os movimentos de ar na atmosfera terrestre obedecem a regras naturais fixas, que fazem com que as camadas de ar quente da região equatorial se elevem e retornem no sentido dos pólos onde se originaram, sem se misturar jamais. Isso significa que, se acontecesse uma guerra nuclear no hemisfério norte, por exemplo, o hemisfério sul não seria diretamente atingido pelos efeitos do inverno nuclear. É precisamente por causa disso que os países deste hemisfério passaram a ser disputados entre as superpotências nucleares para que servissem de "celeiro", ou "ZONA DE RETAGUARDA", caso fosse deflagrada a guerra nuclear no hemisfério norte.

Nesse caso, a sobrevivência de todos os que resistissem aos ataques (e seriam muitos), no hemisfério norte, dependeria de alimentos e matérias-primas não contaminados que viriam justamente dos lugares do planeta onde os efeitos diretos do inverno nuclear não chegassem. Esses lugares foram classificados como ZONA DE RETAGUARDA – todas, é claro, no hemisfério sul. Não foi por outra razão que os inimigos trabalharam unidos para fazer com que os países localizados abaixo da linha do Equador assinassem o Tratado de Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e viessem a integrar a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – órgão mundial fiscalizador do emprego pacífico da energia nuclear.

Não resta a menor dúvida de que os destinos dos países do Terceiro Mundo, desde a Segunda Guerra, foram traçados para atender aos planos de retaguarda das superpotências. Foram gastas quantias estratosféricas de dinheiro em função da corrida nuclear para que se possa ingenuamente imaginar que nunca tenha havido a intensão de que a Terceira Grande Guerra acontecesse de fato. E, infelizmente, tudo indica que ela ainda seja eminente, como veremos mais adiante.

Foram bilhões e bilhões de dólares investidos em sistemas de detecção e interceptação de mísseis, por constituírem a base da capacidade de defesa e de retaliação de cada um dos lados envolvidos na disputa. Foi isso, aliás, que permitiu um grande desenvolvimento nas indústrias de comunicações e de informática. Somas impensáveis de dinheiro foram gastas para montar os silos lançadores de mísseis nucleares e as bases de controle longe dos centros mais populosos - já que estes seriam (e ainda são) os alvos de interesse do inimigo, na medida em que dificultam a capacidade de reação. EUA e Rússia chegaram a gastar 500 bilhões de dólares por ano em armas nucleares

Igualmente, centenas de bilhões de dólares foram gastos na construção e administração de abrigos e hospitais subterrâneos, estocagem de suprimentos, além de treinamentos de evacuação e de sobrevivência. Na antiga URRS, por exemplo, existiam 100 mil funcionários dedicados exclusivamente à defesa civil, elaborando e modificando detalhados planos de evacuação de cidades inteiras; nos EUA acontece a mesma coisa, sendo que ainda existem planos específicos para que as populações do campo construam seus próprios abrigos e para que aprendam a estocar alimentos para o tempo de clausura que seria necessário no caso de ataque nuclear.

Na Suécia há abrigos nucleares suficientes para cerca de 70% da população. Na Suíça, desde 1960, todos os edifícios construídos são obrigados a dispor de abrigo atômico e ainda há cerca de 100 hospitais subterrâneos. É nesse país da Europa, inclusive, que se investe na preservação de todo o conhecimento humano, com a guarda, em biblioteca subterrânea, de fitas, discos e livros em recipientes lacrados e fabricados com ligas especiais de metal. A China não fica atrás e construiu o mais ousado plano de defesa civil nuclear do mundo: por baixo de Pequim, a 8 metros de profundidade, existe uma outra Pequim, capaz de abrigar cerca de 10 milhões de pessoas!

Duas coisas, na verdade, impediram a explosão da grande guerra nuclear: o término da conquista e da preparação das zonas de retaguarda e a certeza da almejada superioridade em termos de ataque e de defesa por uma das superpotências. Essa certeza, porém, surgiu para os EUA, como veremos mais adiante, quando assumiu estar preparado para construir um escudo antimíssil no espaço – o Guerra nas Estrelas – oficialmente denominado de Iniciativa Estratégica de Defesa (IDE, em inglês). Desse fato surgiram todas as recentes modificações geográficas, sociais, econômicas e políticas que vemos hoje no mundo. Mas, ainda é preciso fazer outras análises antes de entrar nesse tema.

Voltando às zonas de retaguarda, todas abaixo da linha do Equador, teríamos América do Sul, Oceania e África Meridional. Para cumprir a finalidade de "celeiro" de abastecimento, uma série de fatores deveriam ser considerados, sendo o principal deles a proximidade geográfica, seguida por outros fatores importantes, como vegetação (rica em quantidade e espécies), temperatura (com pouca variação anual e ideal em torno de 20 e 30 graus), chuvas bem distribuídas, recursos minerais (fartos e bem diversificados), solo (agriculturável e campos de pastagens), potencial energético (preferencialmente hidráulico, livre da dependência de petróleo e carvão) e recursos hídricos.

Duas coisas pode-se depreender da descrição acima: a América do Sul vence em todos os itens consideráveis e, em alguns deles, com grande vantagem; e, não há como negar, que os investimentos feitos na América do Sul foram muito mais sentidos e produziram muito mais frutos do que os feitos nas outras áreas. Fica claro também que este continente ficou sob a influência do Bloco Ocidental, ligado à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e que este, sem dúvida, trabalhou melhor sobre sua ZONA DE RETAGUARDA. À URSS e à Ásia restaram a Oceania e a África Meridional.

No continente sul-americano, vale lembrar que os países situados acima da linha do Equador, por razões já apresentadas, não faziam parte da ZONA DE RETAGUARDA. Os países andinos também não foram considerados, uma vez que a Cordilheira dos Andes, além de ser uma área inóspita, assegura por si só uma proteção natural à área de abastecimento, tanto sanitária quanto militarmente. Restaram, portanto, Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina. Em uma concepção geoestratégica, não haveria razões para se restringir o quadro entre estes países às fronteiras políticas. Obras como Itaipu, a Ponte da Amizade e o acesso do Paraguai aos portos brasileiros são exemplos disso.

Restringindo o tema ao Brasil, não seria novidade dizer que o país nunca teve condições de realizar investimentos de grande porte contando somente com a poupança interna. Entretanto, suprimentos para um pós-guerra nuclear exigem fontes, capacidade de transformação, transporte e proteção – portanto, grandes investimentos. Os números dos últimos 50 anos registram um crescente endividamento externo do Brasil que, ainda que tenham crescido desproporcionalmente devido à elevação injustificada de juros e dos preços do petróleo, a certa altura, foram resultado do custeio de nosso desenvolvimento em termos de infra-estrutura (estradas, ferrovias, hidrelétricas, hidrovias, pontes, viadutos, telecomunicações, indústria aeroespacial, indústria bélica, agricultura, a construção de Brasília, etc.).

É importante ressaltar que a opção pelos empréstimos, em detrimento da simples captação de investimento privado externo dos grandes capitais, sempre à procura de ampliar seus mercados consumidores, foi parte da estratégia de dominação (Vide os homens conhecidos como AE – Assassinos Econômicos). Não pela maldade pura e simples do Banco Mundial e do FMI, mas porque não poderia haver, apesar do desenvolvimento do país, uma contrapartida na respectiva distribuição de renda nacional.

O aumento da distribuição da renda nacional tenderia a aumentar nosso mercado consumidor interno (o que parece ter sido a intensão natural, ingênua e patriótica de muitos de nossos governantes, que sonhavam em fazer do Brasil um país de Primeiro Mundo), desviando os estoques de suprimento que precisariam estar sempre disponíveis – ainda que sob a forma potencial. Bem como o aumento considerável na produção de grãos para exportação não poderia comprometer os mercados cativos (e os que precisariam ser expandidos) dos produtores do Primeiro Mundo. Não seria surpreendente, portanto, que programas como o Proálcool fossem resultado dessa ambigüidade. A área ocupada pela cultura da cana-de-açúcar – matéria prima da indústria do álcool-combustível – representava, para o hemisfério norte, em caso de guerra nuclear, uma zona que poderia ser imediatamente ocupada pelo plantio de grãos, ainda que em detrimento das plantações de cana.

É óbvio que para abastecer o "aliado" do hemisfério norte, a ZONA DE RETAGUARDA deveria estar estruturada para fazer com que os suprimentos pudessem escoar o mais eficiente e rapidamente possível em direção ao destino. No caso da América do Sul para os EUA e Europa, o Atlântico Norte, dominado pelo Bloco Ocidental, seria indubitavelmente o caminho natural e lógico. As rotas de suprimento sul-americanas, portanto, deveriam estar articuladas com aquele oceano, partindo do interior do país e chegando aos portos marítimos do norte e do nordeste, respectivamente os de Belém e de São Luiz.

As fontes de suprimento, quando examinamos o problema à luz de uma ZONA DE RETAGUARDA para um pós-guerra nuclear, restringem-se a grãos, minerais e produtos industrializados. Sabe-se que os produtos industrializados vêm do eixo São Paulo – Minas Gerais - Rio de janeiro. A produção de grãos, desde a época do Governo de Juscelino, foi muito desenvolvida no cerrado, justamente para alimentar esse corredor interior que iria desembocar nos portos de Belém e de São Luiz. Os minérios ficaram por conta de Minas Gerais (Araxá) e Goiás (Catalão).

A reunião das fontes de suprimento aos portos terminais caracteriza o corredor de exportação na direção geral do meridiano de Tordesilhas – o que justifica denominação simbólica de CORREDOR DE TORDESILHAS. Não, a concepção dessa teoria não é minha. Ela é fruto do trabalho de dois brasileiros inteligentes, bem informados e perspicazes que conseguiram desvendar os mistérios que estão por trás do país mais incoerente do mundo: o Brasil. Eu herdei parte desse trabalho e me empenhei em pesquisar, acrescentar dados, aprimorar e ampliar conclusões, já que a teoria foi desenvolvida há quase 20 anos.

(*) As conseqüências de uma guerra nuclear para os civis são até certo ponto assunto de especulação. De qualquer modo os efeitos das explosões nucleares observados em testes demonstram sem dúvida visões cruéis, porém não apocalípticas. O primeiro impacto é uma onda de calor, que queima uma área ampla, afetando em particular as pessoas apanhadas ao ar livre e provocando incêndios (dependendo das condições climáticas, gera até mesmo tempestades de fogo). Uma enorme emissão de raios X produz uma bola de fogo que se expande com rapidez e se eleva formando uma nuvem em forma de cogumelo. Depois do calor, vem o efeito da explosão, potencialmente fatal a uma distância de 5 km, com uma bomba de 1 megaton. A onda de choque, seguida por ventos muito fortes, pode provocar inúmeras mortes pelo desmoronamento dos edifícios e pela quebra de vidros espalhados com violência. Com o calor e a explosão há desprendimento de radiação.

Os destroços sugados para cima na explosão também se tornam radioativos e ao cair - de imediato ou mais tarde, junto com a chuva e a neve - espalham a radiação em área ainda mais ampla, que pode chegar a mais de 300km do epicentro, variando de acordo com a velocidade do vento e com o terreno. Em poucos dias o nível de radioatividade chegaria a um ponto tolerável, mesmo em áreas bastante afetadas. Assim, as pessoas que tivessem permanecido todo o tempo bem abrigadas poderiam sair incólumes. No entanto, a longo prazo, a radiação absorvida pela ingestão de alimentos contaminados, contendo substâncias afetadas pela radioatividade, prejudicaria a saúde, provocando câncer, defeitos genéticos etc.

Converter esses efeitos em números não passa de especulação, pois tudo dependeria da natureza e da dimensão de um confronto nuclear. A longo prazo, estes efeitos são ainda mais difíceis de calcular, mas sem dúvida também implicam perdas bem pesadas. Destruídas as usinas de força e as refinarias de petróleo, interrompidos os transportes e o abastecimento de víveres, parcelas da população, de início incólumes, precisariam fazer frente a uma situação potencialmente fatal. Em regiões muito danificadas, a desnutrição, as condições de vida inadequadas do ponto de vista sanitário, a superpopulação e a assistência médica insuficiente provocariam surtos de doenças infecciosas, como disenteria, cólera, difteria, poliomielite e meningite, reduzindo ainda mais o número de sobreviventes. A sobrevivência dessas populações dependeria de que grandes regiões do globo, não afetadas pela
guerra, pudessem fornecer-lhes alimentos e suprimentos em geral. Na década de 80, o surgimento da hipótese do inverno nuclear lançou dúvidas sobre todas as perspectivas de recuperação, que foram posteriormente desfeitas.
Texto Baseado na Coleção Guerra na Paz, vol. 5.