NOMES, ENCONTROS E FESTAS
Por ser esta série de artigos longa e ter que ser divulgada em capítulos, pode a princípio passar a impressão de que rumará ao ufanismo anti-imperialista, como acontece com tantas outras análises. Não rumará. Ela pretende estabelecer uma base de raciocínio para a discussão de um posicionamento brasileiro em relação às forças de poder mundialmente estabelecidas, a fim de transformar o Brasil, de objeto manipulado, em parceiro consciente, com direito a voto e a todos os benefícios de desenvolvimento, pela posição estratégica que ocupa no cenário de disputa mundial. O objetivo é: Conhecimento, Conscientização, Escolha de Parceiros Ideológicos e Econômicos (Pró-Ocidentais) e Imposição Inteligente de Contrapartidas Beneficiadoras.
Precisou de muita pesquisa para escrever esta série de artigos que resolvi chamar de Cai o Pano, que acabará por trazer luz ao que está por trás da construção de um Brasil que os brasileiros, com razão, têm a sensação de ser um Estado feito por eles, mas não para eles. Propositadamente, começarei pelo que deveria ser o último episódio desta Parte 2, quando então, todos poderiam fazer as ligações certas entre nomes, lugares, encontros e festas. Entretanto, se formos lendo já sabendo sobre o destino de certos personagens, conseguiremos entender melhor as razões de tantas opções sociais, políticas e econômicas que nortearam (ou vitimaram) a vida de milhões de brasileiros nos últimos 20 anos.
Em maio de 2004, a revista IstoÉ Dinheiro publicou uma glamourosa reportagem sobre o mega empresário brasileiro Mário Garnero que, aos olhos de muitos de nós mortais brasileiros, poderia fazer sentir até mesmo certo orgulho, pelo prestígio que muitos compatriotas foram capazes de conquistar no cenário internacional, freqüentado pelos mais ricos e poderosos homens do planeta. Serviu até para matar a saudade da época em que tínhamos um Presidente, que desfilava pelo mundo, exibindo a imagem altiva e aculturada de quem tinha o respeito e a receptividade entre os grandes líderes mundiais, e que todos nós achávamos que fosse em nome do Brasil e dos brasileiros. Nunca foi. Falo de FHC, é claro.
Foram três dias em que os melhores salões da corte inglesa receberam o invejável grupo de conselheiros de Garnero. O primeiro evento foi um almoço no salão de recepções do Palácio St. James, em Londres, de propriedade de Lorde Jacob Rothschild, decano da família de banqueiros mais influente do mundo nos últimos dois séculos. Na ocasião, o príncipe Andrew em pessoa disse à reportagem que Mário Garnero era um exemplo de como o Brasil poderia liderar a aproximação comercial entre o Ocidente e os novos mercados do Oriente e que caberia aos brasileiros “um papel estratégico no novo cenário das relações comerciais internacionais”.
O Palácio, que só é aberto em ocasiões especiais, naquele 16 de maio de 2004, foi o cenário de mais uma edição do encontro anual do Conselho Internacional do Brasilinvest, um banco de negócios que está à frente de investimentos bilionários por todo o mundo (cerca de US$ 3 bilhões, segundo à reportagem). O grupo de conselheiros inclui, além do próprio Jacob Rothschild, seu filho Nathanael (40 anos), que preside o fundo Atticus, com US$ 3 bilhões em ativos; o sheik Salman Bin-Khalifa Al Khalifa, vice-presidente da estatal petrolífera do Bahrein (cuja produção de óleo é três vezes maior que a da nossa Petrobras) e Youssef Hamada Al-Ibrahim, ex-ministro das finanças do Kuwait, ambos representantes dos petrodólares do Oriente Médio.
Tem mais. Pela China, David Tang, o Rei da seda e sócio de um verdadeiro império no varejo de luxo. A antiga URSS também está representada pelo líder mundial na produção de alumínio, Armen Sarkissian, e pelo ex-primeiro ministro da Armênia, Oleg Deripaska. Mais conhecida como a Dama de Ferro, a ex-primeira ministra da Ingleterra, Margareth Thatcher também faz parte do seleto grupo.
Compareceram como convidados o ex-presidente norte-americano George Bush (o pai) – como homenageado - amigo dos Garnero há três décadas; Javier Valls Taberner, controlador do terceiro maior banco da Espanha, o Banco Popular; e ninguém menos que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a quem Garnero apresentou a Bush como provável futuro presidente do Brasil. Foi levado a sério: durante os dias seguintes, o ex-presidente americano desfilou com um broche da bandeira de Minas Gerais e, ao discursar, no salão real, citou a presença do “futuro presidente do Brasil”.
O local ficou marcado na biografia de Bush como o palco de uma reunião histórica da cúpula do G7, o grupo das nações mais ricas do mundo, em julho de 1991, quando o então Presidente norte-americano encontrou-se com Mikhail Gorbatchov, à época líder da União Soviética, e fizeram um acordo para encerrar a era da Guerra Fria. Em dezembro daquele ano, Gorbatchov seria deposto e a União Soviética desmantelada (nós que acompanhamos a série CAI O PANO sabemos o porquê).
Lorde Jacob Rothschild considera Granero como um quarto filho. Além dele, Mr. Rothschild também tem laços fraternos com a família brasileira dos Safra – do Banco Safra. Os tentáculos do Lorde inglês espalhan-se pelo mundo: Rupert Murdoch, o rei da mídia australiana, por exemplo, o elegeu como tutor de seu filho James (33 anos), no comando da TV por satélite BSkyB – que, hoje, no Brasil, detem cerca de 90% do controle da TV a cabo, depois de ter encampado a DirectTv e parte da Globo Sat. Mikhail Khodorkovsky, do grupo petrolífero Yukos, apontou seu nome como uma espécie de administrador de seus negócios bilionários, enquanto estava na prisão, sob acusações de fraude e sonegação. Outro russo, Deripaska (já citado), negocia com Rothschild o lançamento de um fundo para investimentos na Rússia, enquanto sonha com um projeto envolvendo russos, chineses e brasileiros.
Na manhã do dia seguinte, 17 de maio, foi a vez do Savoy Hotel, quartel-general do Brasilinvest na reunião de Londres, onde o grupo do Brasilinvest reuniu-se para trocar experiências e falar de investimentos. O almoço foi num dos salões do Savoy, onde está um busto de Winston Churchill, lendário primeiro-ministro britânico que comandou a reação inglesa na II Guerra Mundial. Entre os presentes, o francês Marc Pietri, dono da Constructa, maior construtora da França, o presidente da fábrica de artigos esportivos Head, Johan Eliasch, e a americana Georgette Mosbacher, dona de um império de cosméticos (Borghese) e spas.
Na reunião, o sheik Khalifa (já citado) demonstra grande interesse em projetos como a construção de ferrovias no coração do Brasil, lançamento de bônus ecológicos e ecoresort na Amazônia, sociedade com o megainvestidor George Soros para atuar no mercado de securitização de recebíveis no Brasil, US$ 250 milhões em hotéis em Cuba, um complexo turístico/empresarial em Santa Catarina, etc. Não é só ele: Nicolas Berggruen, do grupo Alpha Investments and Management, dono de US$ 2,5 bilhões em caixa e de aplicações em setores de bebidas e de mídia, tomou informações sobre o mercado de televisão no Brasil. Berggruen, amigo de Jorge Paulo Lehman, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira - donos da Ambev -, foi o controlador do Media Capital, um dos maiores conglomerados de comunicação de Portugal. Não faltaram as figurinhas repetidas: David Tang, Mário Bernardo Garnero, filho do anfitrião, e George Bush.
Ainda não acabou. Falta falar do jantar de gala na Two Temple Place, uma mansão vitoriana de propriedade de Washe Manoukian, um armênio nacionalizado libanês, que está entre as maiores fortunas do mundo (US$ 4 bilhões) e cujas propriedades na Inglaterra só perdem em valor e quantidade para as da rainha. O jantar não foi menos ilustre em termos de freqüência: o príncipe árabe Turki Al Faisal, o presidente mundial do HSBC, John Bond, e até um Winston Churchill, neto do original, estavam presentes. Havia outros: Nemir Kirdar, banqueiro de origem iraquiana - do grupo Investcorp -, responsável pelo ressurgimento de ícones como Saks, Tiffany e Gucci e que tem US$ 2,7 bilhões investidos em empresas de vários continentes; além de John Major, ex-primeiro-ministro britânico. Fim dos três dias de business festival.
Vamos falar de acontecimentos mais recentes. Maio de 2006 – Nova Iorque: festa do presidente da Cia. Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, o “Homem do Ano”. Presenças: FHC, José Serra, Aloizio Mercadante, Renan Calheiros, José Sarney, ACM e Aécio Neves. O Senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estavam em NY para participar, como palestrantes, do 1st Annual Brazil Conference - Connecting Global Investor with Brazil’s opportunities promovido pelo Itaú Securities – um encontro entre os 50 maiores investidores estrangeiros no Brasil. Os dois almoçaram juntos (16/05) e Mercadante esteve presente à palestra de FHC. Quem diria?! Gente tão cheia de animosidades recíprocas em território nacional parece entender-se perfeitamente em solo estrangeiro.
Outro acontecimento recente que merece destaque é a divulgação do relatório "Building a North American Community", onde o Council of Foreign Relations, o grupo mais poderoso de difusão da ideologia globalista, admite que está unido aos grupos Bilderberg e Wehrkunde (grupos altamente secretos de potentados da política e da economia) para planejar a implantação de um governo mundial e inaugurar uma nova civilização planetária, de forma progressiva, porém rápida (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4819). O que nos interessa, entretanto, é que na última reunião dos Bildergergers, em Portugal, na cidade de Sintra, os Rockefellers, Gorbachov, George Soros e (surpresa!) Fernando Henrique Cardoso estiveram reunidos para decidir os destinos do mundo.
Não pensem vocês que os homens que passaram pelos sucessivos governos do Brasil, desde o fim da época em que estiveram por lá os militares, até os dias de hoje, tenham sido diferentes em sua ascensão ao poder e que não tenham servido aos mesmos senhores e objetivos – dentre os quais nunca esteve o desenvolvimento do Brasil, na medida de suas reais possibilidades. Todos eles, um após o outro, cada um à sua maneira, conduziram nosso país por caminhos que eram determinados além de nossas fronteiras.
Em 1997, convidada pelo então presidente americano, Bill Clinton, para uma recepção no Itamaraty, a, também então Senadora, Marina Silva, recebeu atenção especial do visitante. Ofereceu ao presidente americano o mais detalhado relato sobre os programas de desenvolvimento auto sustentado na Floresta Amazônica. O imotivado prestígio internacional da Senadora do Acre, assim como o do falecido Chico Mendes, tem como fonte o interesse das transnacionais globalistas na Amazônia. É a busca de aliados e legitimidade política para uma eventual intervenção na Região. Apoiar minorias, supostamente injustiçadas, e explorar diferenças regionais é um meio de se obter “legitimidade política” e apoio da opinião pública mundial. (OESP 10/12/97). Bill Clinton foi um dos grandes homens da esquerda internacional globalistas na Presidência dos EUA – responsável pelo aprisionamento das estratégias de defesa norte-americanas aos padrões e pressões da indústria do politicamente correto.
Tucanos começaram a admitir a candidatura de Aécio Neves como solução para o impasse Serra X Alckmim. Mas os planos são de emplacar Aécio na Presidência, em 2010. Afinal, Alckimin saiu candidato pelo PSDB ao que parece como queima de cartucho, ficando Aécio como candidato à reeleição ao Governo de Minas Gerais, já que Lula é necessário para dar prosseguimento aos planos do CFR. Entretanto, temendo ser contaminado pelo fraco desempenho de Geraldo Alckmin na corrida presidencial, o governador mineiro conversou demoradamente com o presidente Lula, durante uma de suas visitas a Minas. Os dois firmaram uma espécie de pacto: Lula influirá para que o PT mineiro não atrapalhe a reeleição de Aécio e o governador tucano, por sua vez, não se empenhará em demasia para fazer Alckmin deslanchar em solo mineiro.
O ex-governador Anthony Garotinho, elevou o tom das críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota oficial, Garotinho chama Lula de traidor: "Lula é um traidor do povo brasileiro. Está a serviço do capital financeiro nacional e internacional e quer um segundo mandato para completar a obra de Fernando Henrique Cardoso”. Garotinho diz ainda que num eventual segundo mandato, Lula vai privatizar o país: "Não tenham dúvida: se Lula tiver um segundo mandato vai privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras e acabar com os direitos trabalhistas", afirmou.
Não se pode esquecer da figura de Hugo Chavez - o presidente da Venezuela - que é o encarregado de levar a cabo o projeto de unificação da América Latina, num único bloco, a serviço da "aldeia global" governada sob o regime de Capitalismo de Estado (ou Comunismo de Mercado, como queiram), sob o domínio das grandes corporações transnacionais (A NOVA ORDEM MUNDIAL). Há que se notar, ainda, que a Venezuela virá a cumprir o que Cuba estava destinada a fazer, desde sua comunização - nuclearizar o continente sul-americano, acima da linha do Equador, em base próxima ao território norte-americano. Lembrem-se do espisódio Kennedy x Fidel Castro e os mísseis de Cuba.
Outra coisa que venho sempre dizendo: o Estado norte-americano (a nação e o povo) passam pela mesma opressão esquerdista pelas quais passam também países europeus e pela qual passamos igualmente nós brasileiros. O fato das oligarquias formadas por empresas transnacionais estarem com seus centros de decisão sediados nos países mais poderosos do mundo - principalmente nos EUA - não deve tornar-nos cegos a ponto de confundirmos este país (sua nação - território+povo+instituições) com o Estado Paralelo Oligárquico Transnacional lá instalado. Os dois "Estados" se confundem propositadamente, para que o projeto de destruição do maior estandarte da cultura capitalista ocidental cristã possa ser destruído - de dentro para fora e de fora para dentro. De fato, a obra é tão perfeita, que é muitíssimo difícil saber onde começam os EUA (de fato e de direito) e o Estado paralelo - coisa que torna mais difícil ainda determinar quando está a agir o primeiro e quando age o segundo.
3 comentários:
Muito bom. O que mais propicia essa situação é que a maioria da população mundial não percebe que está ganhando um cabresto imenso sob o rótulo de liberdade e atuação social, exatamente porque quer se ver livre da chamada cultura judaico-cristã. Essa 'ditadura libertária' ocorrerá e os cristãos, ainda que honestos e sérios, serão a escória da população. Mas, dura por um tempo breve, porém, terrível.
O povo não acredita mais em propostas e promessas de políticos, isto não influí mais em nada p o eleitor escolher seu candidato. Neste mar de imoralidades, o eleitor escolhe baseado apenas em qual político está menos sujo, ele nem espera mais encontrar um político limpo, é só mesmo o menos sujo. Por isto, é muito importante bater com forca e sempre nas imoralidades lulleístas-peteístas e, melhor, com provas e explicacões bem claras pq não podemos esquecer q o povo é ignorante e/ou tem preguica de raciocinar, mostrar fatos claros como a comparacão da aposentadoria de Lulla e o 'benefício' do Projovem como R.Azevedo fez em seu blog; a ajuda à Petros e a negacão dos 16% dos aposentados; os perdões de dívidas e doacões e investimentos a outros países e a precariedade da educacão, saúde e seguranca; o filho antes sub-empregado de Lulla e agora milionário; os gastos da primeira-inútil c o cartão da presidência. São estes pequenos 'detalhes' práticos q o povo entende e o afeta.
Alcmin não vai ganhar mesmo se continuar com esta postura 'zen' q parece mais um alien de outro planeta, a realidade brasileira é muito dura para atingir o eleitor com este perfil suave demais, o povo está querendo e precisando de um 'herói' com fibra, que passe seguranca e determinacão, não se sente isto em Alckmin, não é para cair na vulgaridade, mais ter uma postura mais agressiva, mostrar mais garra pois sabe-se bem que o presidente brasileiro tem que tratar com verdadeiros 'leões' no Congresso e não conseguirá governar se for um molenga.
Prezada Christina,
Ainda não li tudo, mas parece-me que vc encontraria algumas análises interessantes em nosso modesto portal, www.alerta.inf.br
Abs,
Nilder Costa
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