CAI O PANO – Parte 2 (2)
O TRUQUE DA CIRANDA FINANCEIRA E DO DINHEIRO DE PLÁSTICO
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Pequena Introdução
Por ser esta série de artigos longa e ter que ser divulgada em capítulos, pode a princípio passar a impressão de que rumará ao ufanismo anti-imperialista, como acontece com tantas outras análises. Não rumará. Ela pretende estabelecer uma base de raciocínio para a discussão de um posicionamento brasileiro em relação às forças de poder mundialmente estabelecidas, a fim de transformar o Brasil, de objeto manipulado, em parceiro consciente, com direito a voto e a todos os benefícios de desenvolvimento, pela posição estratégica que ocupa no cenário de disputa mundial. O objetivo é: Conhecimento, Conscientização, Escolha de Parceiros Ideológicos e Econômicos (Pró-Ocidentais) e Imposição Inteligente de Contrapartidas Beneficiadoras.
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No final da década de 1980, um grupo de intelectuais do Institute for International Economics reuniu-se para discutir o ajuste das economias latino-americanas à chamada Nova Ordem mundial. As formulações ali estabelecidas foram sistematizadas por John Willianson e ficaram conhecidas como Consenso de Washington. Muitos dizem que os estudiosos estavam a serviço de instituições financeiras (que hoje sabemos ser a esquerda internacional globalista) e do governo dos Estados Unidos. Outros dizem que somente aos primeiros. Mas, o fato é que, para as instituições financeiras internacionais, os recursos destinados aos países em desenvolvimento estavam sendo desperdiçados, porque muitos deles estavam primando pela inadimplência. Para evitar o agravamento desses problemas, ficou, então, decidido que os destinatários desses recursos teriam que se sujeitar às regras da formulação de Willianson: 1) Disciplina fiscal; 2) Redução dos gastos; 3) Reforma tributária; 4) Juros de mercado; 5) Câmbio de mercado; 6) Abertura comercial; 7) Investimento estrangeiro direto, com eliminação das restrições; 8) Privatização das estatais; 9) Afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas; e 10) Direito de propriedade.
Os dez mandamentos do Consenso deram origem à adoção de modelos econômicos que primavam pela subordinação do Estado ao Mercado – é o que muita gente chama de liberalismo econômico e que induz a um engano provocado pela proposital confusão entre liberalismo e liberdade. Não é uma subordinação do Estado a um mercado surgido das relações naturais cotidianas entre oferta e procura dentro das sociedades (liberdade), mas a subordinação do Estado a um mercado monopolizado (não aparentemente, é claro) pelos grandes conglomerados financeiros unidos em torno do objetivo de construir uma sociedade universal sob suas rédeas, onde, independentemente de voto, exercerão seu poder sobre os destinos de homens e nações.
Para nós, o que interessa é que os dez mandamentos de Washington definem com clareza a política econômica que nos vem sendo imposta, desde o governo Sarney e muito mais claramente durante o governo de FHC – que não conseguiu fazer tudo o que deveria por não ter tido apoio suficiente no Congresso. No caso de Lula, isso deixou de ser problema – e todos nós sabemos o porquê – e seguir os tais mandamentos esteve, e ainda está, também entre as visíveis prioridades do atual governo do PT. Todas as medidas de caráter político e social destes sucessivos governos vêm seguindo a linha de viabilizar o projeto esquerdo-globalista internacional em detrimento dos interesses da nação brasileira.
Quando as grandes organizações financeiras sobrepuseram seu poder sobre o dos Estados em que habitavam, passaram a controlar muito do que é feito em nome destes Estados. De modo que aqueles que pareciam ser nossos aliados no auge da guerra fria – quando o que interessava era salvaguardar um Brasil celeiro e com condições mínimas de desenvolvimento para absorver os donos do mundo fugidos de uma eventual guerra nuclear – depois, passaram a trabalhar justamente no sentido contrário, porque não era nem um pouco interessante que o Brasil viesse a se tornar um país desenvolvido que usufruísse das próprias riquezas – principalmente se isso começasse a se refletir nos campos de avanços tecnológicos bélico e nuclear e nos do agronegócio (que colocaria em risco a necessidade de expansão do mercado das grandes potências – diretamente vinculada à criação e manutenção de empregos).
Em meados dos anos 1980, as grandes corporações financeiras deram um salto, em termos de acúmulo de riqueza, por causa da “financeirização” do capital, quando este foi, aos poucos e bem discretamente, deixando de financiar a produção, de criar empregos e de proporcionar bem estar social, para se tornar um fim em si mesmo, ou seja, passou a financiar, incoerentemente, o anticapitalismo. O percentual de capitais aplicados no mercado de comodities (*) foi crescendo a ponto de hoje representar 95% das operações financeiras mundiais. Por causa da armadilha da “financeirização” do capital, entregando-se, por exemplo, à especulação no mercado de derivativos (**), os executivos financeiros e os Bancos tornaram-se reféns das grandes corporações financeiras, como o Grupo Rothschild e seus aliados, que controlam as flutuações dos mercados de derivativos, impondo suas decisões ao mercado financeiro. As teorias econômicas diziam (e ainda dizem) que os derivativos representam uma das mais importantes inovações financeiras dos últimos dois séculos, uma verdadeira revolução.
Uma revolução que escondia uma operação lógico-estratégica dos maquiavélicos aspirantes a donos do mundo: controlando todas as etapas da produção de um determinado bem de consumo qualquer, desde os insumos necessários à sua produção até sua venda no varejo ou no atacado, não é preciso ser muito inteligente para perceber que o resultado disso é que teriam condições de manipular tudo que estivesse relacionado a este bem – desde seus preços finais às suas eventuais influências nas cotações das ações de empresas que trabalhassem com este bem ou que dependessem de seu preço para atuar no mercado.
De modo que foi um golpe de mestre da City Londrina (centro financeiro de Londres) desviar o capital de todos os grandes empresários do mundo (e países inteiros estão aí incluídos) para o circo da ciranda financeira – aparentemente mais lucrativo e menos trabalhoso – para obter lucro e renda. Com isso, aquilo que compõe o verdadeiro capital (ligado aos meios de produção e à mão-de-obra) foi sendo paulatinamente absorvido pelos superpoderosos da City Londrina e dos EUA.
Operacionalizando a aplicação da sua fabulosa massa de capitais, resultante da venda das comodities, manipularam a mídia, para convencer a opinião pública, da “necessidade” de privatizar estatais, que foram comprando, através de empresas, de aliados e de subsidiárias. A venda de comodities e a compra de estatais foi um processo demorado, iniciado na Inglaterra, com a colaboração do Governo Thatcher e estendeu-se por todo o mundo. (o nosso FHC, por exemplo, em apenas quatro anos, realizou no Brasil quase o mesmo que Margareth Thatcher fez, em doze).
Já não é de hoje, por exemplo, que o banqueiro que ouse discordar das decisões da City Londrina passe a enfrentar sérias dificuldades, podendo até mesmo quebrar em curto prazo. Exemplos dessa ação no mercado de derivativos são: o Banco inglês Barings, que faliu em 1995, em razão de operações com derivativos e o Banco Japonês Toyobo, que perdeu mais de US$ 2 bilhões, em 1996, especulando com cobre. Quando os Bancos japoneses estavam falidos, o Banco Merril Lynch aproveitou-se da oportunidade para comprar uma Corretora também falida e se instalar naquele país – que era totalmente avesso à presença estrangeira em seu mercado financeiro.
Ao contrário do que fizeram o mundo praticar – o anti-capitalismo - o Grupo Rothschild e seus aliados passaram a controlar o mercado de derivativos, justamente porque praticam o capitalismo, ou seja, dominam completamente estratégicas cadeias de produção, para, a partir desta posição, determinar as oscilações nos mercados especulativos.
Os reis dos derivativos, utilizando a mídia e apoiados por governos que ajudaram a eleger, já concretizaram grande parte do seu projeto de troca de posições. O “rescaldo” foi no Brasil (CSN, Vale e etc.). Através de seu aliado, George Soros (Húngaro naturalizado americano), em julho de 1997, detonaram, por exemplo, a crise asiática, a partir da Tailândia, especulando contra o Bath (moeda local). Em razão do mercado de expectativas ser fundamental para a liquidez do sistema financeiro, os reis da City passaram a recompor sua posição vendida e a comprar mais algumas dezenas de empresas quebradas pela crise que eles mesmo provocaram.
Observação: Neste ponto já se pode introduzir uma reflexão importante. Ao contrário do que se costuma pregar, não há disputas ideológicas e nem de poder, pura e simplesmente: tudo se resume a dinheiro (que está inevitavelmente atrelado ao poder). É tudo por dinheiro, pelo prazer do exercício do domínio sobre os destinos da humanidade – é a vontade de brincar de Deus. Lúcifer queria ser Deus. Para mim, esse é o pecado original. Pecado esse que carregam todos os seres humanos desde o seu nascimento e do qual somente se libertam os que conhecem a liberdade. Há duas formas de conhecer a liberdade: pela predestinação ou pela construção do conhecimento.
O Grupo Rothschild vem repetindo historicamente esse tipo de procedimento especulativo. Nas guerras Napoleônicas, por exemplo, sua filial na França enfraqueceu o exército de Napoleão, ao negar-lhe financiamento. Na última batalha, “divulgaram”, em Londres, que Napoleão havia vencido a guerra. As cotações das ações despencaram. Os Rothschild compraram na baixa. Quando a notícia verdadeira foi divulgada, ganharam milhões com a alta. Não precisa dizer que as vítimas desse golpe sujo foram levadas à desgraça social e financeira – com todas as suas conseqüências.
A ação predatória dos especuladores de Londres tem provocado um severo custo social nos países alvo de seus golpes (e não adianta recorrer, porque eles têm controle sobre os organismos que servem de tribunais internacionais, que acabaram quase todos criados justamente por iniciativa deles mesmos). Depois que se apropriam de grandes empresas, muitas delas estratégicas, de países como o Brasil, por exemplo, estas mega-organizações transnacionais passam a financiar a comunização destes países – logicamente num terreno já antes lapidado pela ditadura do politicamente correto.
Por que? São várias as razões. Uma delas é que precisam da ditadura “branca” (aquilo que ousam chamar de democracia popular, mas que é uma ditadura comuno-populista – é o neocomunismo) para a prática da expropriação das riquezas nacionais (daquele país) ao preço que bem lhes convier, com a conivência dos ditadores populistas, e daqueles que o cercam no poder, ao lhes financiar o sonho do poder absoluto (e da riqueza, é claro). A ditadura branca é aquela onde o comunismo convive com a “democracia” da manipulação explícita (seja através da propaganda mentirosa, da manipulação da mídia ou ainda da política assistencialista do Estado provedor) e com a manutenção de uma economia pseudo-capitalista.
Ou seja, continua a existir naquele país um pequeno e médio empresariado nacionais – abusivamente taxado e vigiado – e uma enorme massa de trabalhadores – também taxados e que recebem salários bem abaixo do que receberiam numa economia que fosse efetivamente de mercado (como acontece na China, por exemplo). Essa gente sustenta o ciclo de consumo mínimo exigido pelo mercado e paga as despesas do Estado com a própria manutenção do aparelho estatal e da própria sociedade – que passa a ter castas mais bem definidas, com um índice mínimo de transição dos indivíduos de uma classe para outra. Na prática haverá um exército de pobres manipuláveis, uma classe média com poderes aquisitivos suficientes para morar e comer, uma classe intermediária já com poder aquisitivo um pouco maior e os milionários dos círculos de poder. Realiza-se assim o sonho da diminuição das desigualdades sociais – só que nivelando todos por baixo – e da distribuição mais justa de renda - só que sob o ponto de vista do Partido; ou seja, ele fica com a riqueza e o povo com a igualdade ditatorial e miserável.
Na ciranda financeira internacional e com a progressiva transformação da moeda em espécie, primeiro em talonários preenchíveis (cheques, notas de crédito e de débito), depois pelo moderno plástico (cartões de crédito e de operações) e ainda, posteriormente, apenas em números digitados (operações feitas por computador entre bancos, empresas e clientes), além do barateamento dos custos com a fabricação de dinheiro (papel e moeda), as moedas (principalmente o dólar) passaram a ser emitidas sem controle de lastros e de limites. De modo que, no cassino das finanças internacionais há um jogo cujo perdedor será quem ficar com os dólares falsos, moeda emitida, sem lastro e sem limites, por alguns dos principais bancos do mundo, controlados pela City Londrina e por Wall Street. Grandes economias do mundo, como a chinesa, a japonesa, a coreana e até mesmo a inglesa, por exemplo, são possuidoras de gigantescas somas desta moeda falsa, tanto na forma de reservas líquidas como em títulos do tesouro norte-americano. Uma corrida intempestiva em direção à conversão dessa “moeda” (em euros, por exemplo), ou à venda antecipada dos tais títulos, precipitaria rapidamente o fim do jogo, não dando tempo suficiente para que quem possuísse essa “moeda” a passasse adiante.
Sobre esse assunto especificamente, é bom que leia o artigo “AMÉRICA: DA LIBERDADE AO FASCISMO” (
Sem chamar a atenção, então, e se valendo do artifício da compra de matérias primas, insumos básicos, etc., usando o “dinheiro falso”, os aspirantes a donos do mundo estão, inteligentemente, convertendo moeda falsa (sobre a qual detém o controle) em riqueza real. Por isso, no momento, pouco importa o valor relativo do dólar frente a uma moeda como o real, por exemplo, porque, mesmo assim, eles vão continuar importando tudo o que puderem de nós. Esse é um dos motivos pelos quais apesar dos juros altos e das constantes baixas da cotação da moeda americana no mercado brasileiro, as exportações ainda continuam em franca expansão. Essa é uma das missões do governo Lula, que engana o povo gabando-se do incessante aumento nas exportações (em áreas muito específicas, é claro) e dos constantes superávits da Balança Comercial brasileira, a despeito de nosso pífio crescimento (que, aliás, precisa manter-se pífio nesse jogo).
Não é preciso se aprofundar em conhecimentos de Economia para que se entenda o que é fundamental nesse capítulo. A financeirização da economia acabou por ir, aos poucos, permitindo com que o Estado fosse sendo desapropriado dos bens de produção e da administração de seus próprios recursos naturais. O resultado prático disso foram as privatizações em massa, por todo o mundo. Dessa forma os patrocinadores da Nova Ordem Mundial (grupo de empresas e de homens mais ricos e poderosos do planeta) puderam (e ainda continuam empenhados nisso) ir apropriando-se do controle dos processos produtivos de todos os bens de consumo do mundo (desde a extração de matérias primas até os produtos finais). Com isso, terão o monopólio mundial dos recursos necessários à vida humana e às sociedades modernas. “E os Estados comunistas?”, perguntarão os mais atentos. Destes não é preciso comprar empresas e bancos (já que elas já são monopólio do Estado); deles basta que se comprem os governos (o que, no “neocomunismo”, inclui os “pseudo-empresários” – na verdade monopolistas – apadrinhados pela nomenklatura que está no poder).
(*) Commodities são produtos "in natura", cultivados ou de extração mineral, que podem ser estocados por certo tempo sem perda sensível de suas qualidade, como suco de laranja congelado, soja, trigo, bauxita, prata ou ouro. Atualmente também são consideradas commodities produtos de uso comum mundial como lotes de camisetas brancas básicas ou lotes de calças jeans. Entenda o que são commodities (
(**) O que são derivativos? São ativos financeiros cujos valores e características de negociação estão amarrados aos ativos que lhes servem de referência. Ou seja, o preço desse ativo é derivado de um outro. Na verdade, derivativos é o nome genérico de um grupo extenso de operações financeiras, as mais variadas, que tenham como base de negociação o preço ou cotação de um ativo (chamado de ativo-objeto). Neste grupo estão operações do mercado futuro, do mercado de opções, dos swaps e de todas as operações mais complexas de engenharia financeira. Entenda (http://www.estadao.com.br/investimentos/glossario/d.htm)
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