23 de agosto de 2006

Série CAI O PANO - 7

CAI O PANO – Parte 2 (3)
TERRAS, RIQUEZAS, PRODUÇÃO E GUERRILHA

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Pequena Introdução

Por ser esta série de artigos longa e ter que ser divulgada em capítulos, pode a princípio passar a impressão de que rumará ao ufanismo anti-imperialista, como acontece com tantas outras análises. Não rumará. Ela pretende estabelecer uma base de raciocínio para a discussão de um posicionamento brasileiro em relação às forças de poder mundialmente estabelecidas, a fim de transformar o Brasil, de objeto manipulado, em parceiro consciente, com direito a voto e a todos os benefícios de desenvolvimento, pela posição estratégica que ocupa no cenário de disputa mundial. O objetivo é: Conhecimento, Conscientização, Escolha de Parceiros Ideológicos e Econômicos (Pró-Ocidentais) e Imposição Inteligente de Contrapartidas Beneficiadoras.
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Fronteiras que abrangem 8.500.000 Km², uma população de 180 milhões e uma infinidade de riquezas (recursos minerais + território + mercado interno) são algumas das condições básicas para que um país se torne uma potência mundial. Somente cinco países no mundo preenchem esses requisitos e o Brasil é um deles.

O poder mundial está em jogo e, por trás dele, o desejo de construir uma sociedade global sob o comando dos grandes impérios financeiros. O Brasil é território importantíssimo a ser conquistado e subjugado nessa guerra – e quem acompanha essa Série está cansado de saber porquê. Nossos recursos minerais e agrícolas, devidamente “controlados” podem garantir o emprego, o padrão de vida e a estabilidade política do que hoje conhecemos como Primeiro Mundo (justamente para que o CFR possa continuar colocando seus homens no poder), e, conseqüentemente, o mundo ideal para o exercício do poder das grandes oligarquias financeiras.

Os partidos que estão no governo dos países do Primeiro Mundo sabem perfeitamente que sua permanência no poder depende da criação de empregos. Para criar empregos é necessário que haja uma demanda sempre crescente de produtos e serviços. Como os mercados internos dos países desenvolvidos estão saturados, o consumo interno é relativamente inelástico, mesmo com o constante incentivo ao consumismo desenfreado, e isto obriga os governantes a estar em constante necessidade de expandir as exportações. Mas exportar para onde, já que os outros países desenvolvidos enfrentam os mesmos problemas? É preciso que aqueles outros que estejam em desenvolvimento sejam capazes de absorver o que precisa ser exportado. Para que isso aconteça, é imprescindível que eles não tenham condições de caminhar para a auto-suficiência, especialmente no que se refira ao tipo de produto que os países do Primeiro Mundo precisem exportar.

O agrobusiness, portanto, tem enormes interesses em criar embargos a países como o Brasil. Através de Ongs, de políticos e de órgãos governamentais, o agrobusiness financia, treina e garante politicamente, a guerrilha e a institucionalização de movimentos como o MST – para inibir investimentos na agropecuária, através do terror, a fim de garantir seus mercados de exportação. Todas as ações da guerra comercial travada contra o Brasil são coordenadas pelos departamentos de comércio exterior de governos estrangeiros, sob o controle das grandes organizações financeiras.

Outro setor que tem enormes interesses no Brasil é o mercado financeiro internacional que é dominado por aqueles que controlam as flutuações da Bolsa de Metais de Londres. Este mercado está cada vez mais vulnerável porque o financiamento à produção é limitado e depende de aplicações especulativas. É por isso que a produção mineral de países como o nosso, por exemplo, precisam estar sob controle - uma vez que, no final das contas, as flutuações da Bolsa de Metais de Londres dependem disso. Não é à toa que a Vale do Rio Doce, que é o maior instrumento de extração e transporte dos recursos minerais brasileiros, foi tomada de assalto, por capitais internacionais.

Esse é um dos motivos pelos quais os globalistas não querem que a Amazônia se desenvolva. Financistas internacionais ingleses e americanos pretendem controlar os recursos minerais da Amazônia, por isso convulsionam o Brasil, apoiando a guerrilha do MST, a criação de “Nações indígenas” e a ação de ONGS. O fato gerador do progresso é o lucro e a única forma de se impedir a intervenção estrangeira na Amazônia, a serviço da pirataria internacional, é através do seu povoamento e conseqüente desenvolvimento econômico (e há inúmeros estudos não publicados que garantem que isso pode ser feito sem prejuízo da preservação da vegetação e da fauna daquela região). Uma das formas mais rápidas de concretizar esse objetivo, por exemplo, seria a instalação de um corredor de exportação pelo Peru, com o apoio do Japão, por exemplo, que não se negaria a financiar estradas ou ferrovias para esse fim, já que isso, além de desenvolver toda a Região Amazônica, baratearia para o mercado asiático a soja brasileira produzida em Mato Grosso e Rondônia e facilitaria a exportação de minerais brasileiros para toda a Ásia.

A AMAZÔNIA DEVE SER PRESERVADA PORQUE É O CENTRO MUNDIAL DE RESERVAS VITAIS PARA A RECONSTRUÇÃO DO IMPÉRIO GLOBAL, APÓS UMA EVENTUAL DESTRUIÇÃO ATÔMICA QUE OS ALIADOS DE ESQUERDA PUDESSEM IMPOR AOS EUA, À ISRAEL E A ALGUNS PAÍSES DA EUROPA. ESTARIA DERROTADO O BERÇO DA CULTURA OCIDENTAL. COMEÇARIA O ADVENTO TRIUNFAL E ABSOLUTO DA NOVA ORDEM MUNDIAL. NESSE SENTIDO, A REGIÃO AMAZÔNICA É A MAIS IMPORTANTE DO MUNDO.

O poder colonizador do império transnacional pretende desagregar o território brasileiro, para dominar e explorar as reservas de minérios estratégicos, localizadas na Amazônia – sem mencionar os recursos hídricos. O objetivo é apoderar-se da região Fronteiriça à Venezuela, se possível do Rio Solimões para cima - de um lado a “Cabeça do Cachorro”, do outro a “Reserva Ianomâmi”, no meio o território da Venezuela. Não foi por outra razão que o G 7 (grupo dos 7 países mais poderosos do mundo) gastou US$ 600 mil para financiar a “demarcação” da “reserva indígena”, que segundo eles, abrigaria 30.000 índios. O número de índios, entretanto, é bem inferior a isso, como no caso dos Ianomâmis, por exemplo. Nem o Brasil precisa do dinheiro do G-7 e nem os poucos índios que, porventura, estejam na região, precisam de tanto território. O objetivo é criar falsas nações indígenas que justifiquem uma eventual intervenção na Amazônia, inclusive militar.

Um exemplo de como as reservas podem ser criadas com base em falsos argumentos é a criação da reserva indígena Wai-Wai. Uma portaria assinada, em 11/12/1998, pelo então Ministro da Justiça de FHC, Renan Calheiros (atual presidente do Senado e franco aliado do presidente Lula), criou a reserva Wai-Wai (área inicial de 330 mil hectares, posteriormente aumentada para 450 mil hectares). Alegava-se que as tribos que ali viviam estavam naquele território “desde tempos imemoriais”. Não era verdade. Na edição da Folha de Boa Vista do dia 26 de agosto de 1999, o ex-oficial da Força Aérea Brasileira, Arnaulf Bantel, conta que os wai-wai foram trazidos para o Brasil da atual República da Guiana, na década de 60, numa ação do governo brasileiro para evitar o massacre daquela etnia por parte dos índios tiriós que habitavam o sul do Suriname. Bantel era um dos pilotos da Operação Mapuera, cuja missão foi abrir pistas de pouso ao longo da fronteira do Brasil com a Guiana, na região do rio Anauá, onde os wai-wai habitam atualmente.

Na outra ponta do problema da criação de reservas indígenas, cidadãos brasileiros indefesos são vítimas da ganância das transnacionais, com a cumplicidade do governo. O cidadão Terêncio Tadeu de Lima, por exemplo, aos 63 anos de idade - uma pessoa que passou a maior parte de sua vida útil cuidando de uma propriedade rural, educando seus filhos e cumprindo deveres como cidadão - vê-se obrigado a sair de suas terras, enxotado pelo próprio governo federal que sequer o indenizou. Ele é apenas mais um dos integrantes das cerca de 250 famílias que seriam arrancadas da reserva indígena Raposa/Serra do Sol. O decreto de homologação, assinado no dia 15 de abril de 2005, concedia prazo de um ano para a retirada das famílias. Os índios começaram a tomar conta das terras e as famílias não tinham para onde ir e nem haviam recebido indenização.

A estratégia das transnacionais é para que possam se beneficiar do desvio de minérios, a partir das reservas minerais de Araxá e Catalão, garantindo o abastecimento e a formação de reservas de minérios que não possuem em seus respectivos territórios. Para que isso seja possível, foi fundamental a criação do Ministério da Defesa que submete as Forças Armadas, no final das contas, às políticas governamentais, possibilitando que as mesmas sofram um processo de sucateamento e de desmoralização. O objetivo final seria transformá-las em tropas de polícia a serviço do império global.

A trama urdida pelos diversos setores da economia internacional se entrelaça, porque utiliza os mesmos agentes e o mesmo “modus operandi”, independentemente do setor a beneficiar (financeiro, mineração, agrobusiness, industrial e etc.). É o colonialismo moderno. Essa admirável orquestração torna o inimigo quase invencível, transformando os políticos e governantes em meros agentes de seus interesses. A corrupção resultante fragiliza a malha institucional, abrindo espaço para a ação do crime organizado, em todas as suas especialidades e esferas de ação. A violência é mais uma das conseqüências desse processo.

A escalada da violência ocorre em razão de dois fatores: o desinteresse dos governantes em coibi-la e a associação dos criminosos com membros do poder do Estado, que lhes garantem o sucesso das operações criminosas. Os donos do mundo real provocam a luta de classes e promovem o crime organizado, tanto para lucrar, como para estabelecer válvulas de escape para a “panela de pressão” social. É a politização do crime como fator de distribuição de renda.

As autoridades nunca se referem ao crime organizado em suas justificativas públicas, sem passar a idéia de que a violência tem sempre, e quase que apenas, raízes sociais e econômicas. Na realidade, tudo ocorre por omissão e comissão do próprio poder. Por desinformação da sociedade, o crime ramifica os seus tentáculos, protegido pela suposta democracia, cujo processo eleitoral é insuficiente, isoladamente, para preservar o interesse público. O crime organizado (criminosos comuns + agentes do Estado), aliado ao capital transnacional, é um inimigo invencível, à espreita de todas as oportunidades de lucro. Resta, à sociedade, por seus segmentos mais esclarecidos, conscientizar-se do problema para, conhecendo o inimigo, estabelecer mecanismos de defesa que procurem neutralizar ou minimizar sua ação.

No caso do Brasil, tudo indica que a ação terrorista esteja em andamento e que poderá ser deflagrada a qualquer instante, com apagões, atentados, golpes e contragolpes – já estamos vendo ensaios desse tipo de coisa na invasão do Congresso por membros do MLST, na depredação de um laboratório da empresa Aracruz, na Bahia, e nos ataques do PCC em São Paulo. Sendo assim, o trabalho de inteligência precisa ser intensificado e teria que ser homogêneo em todo o território nacional - o que significa dizer que talvez somente as Forças Armadas estivessem em condições de empreendê-lo com a eficiência necessária para propiciar a antecipação da ação. O problema é que o comando das FFAA não pode estar sob influências políticas, porque, em assim estando, de pouco ou nada adiantaria o trabalho de inteligência, já que o resultado dos trabalhos poderia ser usado em favor de quem esteja no poder (Quem não se lembra dos documentos da ABIN que poderiam confirmar a doação das Farc para o PT, em 2002) (Leiam: Ameaças Difusas: http://infomix-cf.blogspot.com/).

Não convém falar aqui do que poderia acontecer em cidades como Rio e São Paulo caso bandos mobilizados de arruaceiros, agitadores e criminosos resolvessem promover uma onda conjunta de violência e depredações. Não convém porque há que se ter responsabilidade com aquilo que se divulga e que pode, ao invés de informar, formar idéias. Nas outras Capitais o problema é o mesmo, variando, apenas, em intensidade. Mas, nenhuma força armada teria condições de sufocar a violência desencadeada por multidões furiosas, em várias Capitais, ao mesmo tempo. Um cenário que poderia ser agravado pelo terrorismo no campo, orquestrado pelo MST e por seus congêneres, que poderiam contar, inclusive, com a participação de terroristas de países vizinhos (FARC, F.Manoel Rodrigues, MIR, Sendero, cubanos, Tupac-Amaru), que já operam livre e impunemente em território nacional.

É importante lembrar, que os ideólogos do terror estão unindo todos os movimentos no mesmo objetivo. Já ocorreram "manifestações" conjuntas de "sem teto" e de "sem terra". Já houve o gravíssimo episódio da invasão do Congresso Nacional por um grupo de manifestantes enfurecidos e muito bem organizados do MLST. Os movimentos pelos "direitos humanos" integram essa orquestração sinistra, defendendo, na prática, a politização do crime como fator de distribuição de renda.

Levando-se em consideração que as Forças Armadas, vitimadas por doutrinas externas, têm sido estranguladas em sua operacionalidade com a redução inexorável do seu orçamento, com a modificação de conteúdos de estudos e com a redução criminosa dos salários, é muito provável que as forças contrárias aos interesses do Brasil já estejam agilizando a tomada do poder, a partir do caos. A estratégia tem vários exemplos na História – alguns deles ocorridos há cerca de 2000 anos, como foi o caso de Catilina, que quase tomou o Império Romano. A única opção de defesa seria a antecipação da ação das forças de segurança, para bloquear a mobilização das guerrilhas urbanas e rurais, neutralizando as lideranças, nacionais e estrangeiras, envolvidas no processo.

Tendo em mente estes interesses das transnacionais da globalização, fica mais fácil compreender o que tem acontecido no Brasil nos últimos 20 anos. Por que programas como o Pró-Álcool vingaram e depois foram abandonados? De onde surgiu o poder do crime organizado? Por que privatizamos empresas que atuam em áreas estratégicas? Por que passamos a importar produtos que costumávamos exportar? E por que nossa dívida interna pulou de 50 milhões para 1 trilhão de reais em vinte anos?

Já vimos que o Primeiro Mundo precisa expandir seu mercado consumidor e suas exportações para resolver o problema de criação de empregos. Vimos também que isso é de extrema importância para a estabilidade dos governos dos países desenvolvidos. Sabemos que as poderosas organizações transnacionais, cujos cérebros residem nestes países, precisam que eles estejam em condições de estabilidade e de relativa prosperidade, para que elas possam continuar a expandir seu poder e a aumentar suas riquezas, até que se tornem donas do mundo e do poder absoluto.

O agrobusiness é um dos alicerces desse processo de expansão e estabilidade. Nesse contexto, países como o Brasil devem se enquadrar como consumidores e não como concorrentes ou nem mesmo como auto-suficientes. É essa condição que tem determinado os rumos dos negócios agrícolas do Brasil nos últimos 20 anos. E, como já vimos anteriormente, não podemos deixar de relacionar a ocupação e a expansão das áreas de plantio com as necessidades de disponibilização dentro da nossa condição de Zona de Retaguarda.

Quando Sarney assumiu a presidência da república, em 1985, deu-se início à reforma agrária nos moldes retrógrado-socialistas que, como já vimos, interessam muito mais ao capital internacional do que ao povo (MUITO AO CONTRÁRIO DO QUE MUITA GENTE QUE SE JULGA BEM INFORMADA É LEVADA A CRER PELA MUITO BEM TRABALHADA PREGAÇÃO IDEOLÓGICA DE MOVIMENTOS COMO MST, MLST E OUTROS) – facilmente manipulável através do discurso de justiça social. É neste discurso que está a semente de ódio que floresce na luta de classes. O demagógico e falso objetivo da reforma agrária inibiu os investimentos na agropecuária, provocando o encolhimento da área cultivada em pelo menos 25%, o desemprego de mais de 3 milhões de trabalhadores rurais e o conseqüente desabastecimento dos centros urbanos - o que culminou com a necessidade de importar mais de US$ 3 bilhões em arroz, milho e trigo.

É bom lembrar que em 1985 já está se dando o processo de tomada da Zona de Retaguarda do Ocidente pelas forças que compõem a frente Oriental. De modo que, ao mesmo tempo em que se começa a determinar a estratégia de inibição do desenvolvimento agrícola do Brasil, inicia-se, também, o processo de esquerdização que pretende culminar com a concretização do paraíso do controle e do monopólio – o Capitalismo de Estado (ou Comunismo de mercado), que será o sistema econômico do Governo Mundial.

A reforma agrária, da forma como é apregoada e implantada, contraria os interesses do Brasil, entre outros motivos, porque o minifúndio inviabiliza o abastecimento - além de não criar empregos, desestruturar o sistema produtivo existente, inibir investimentos na agricultura e perenizar o assistencialismo.

José Pedro Stedile, “coordenador” nacional do MST, declarou ao Jornal o Estado de SP, EM 12-01-1997: “a produção agrícola nacional deve limitar-se ao mercado interno”. Afirmou, ainda, ser desnecessária a exportação de produtos agrícolas. Isso revela a perfeita consonância entre os objetivos do MST e os dos agrobusiness internacional, na preservação de seus mercados para exportação. A traição fica mais evidente, quando se observa que grande parte dos “donativos” para a esquerda brasileira vem do exterior. Stedile ainda afirmou à reportagem, naquela ocasião, que “por enquanto, não é necessário temer o MST, isso acontecerá mais tarde”. Acho que, hoje em dia, entendemos o que ele estava querendo dizer. Pena que ainda haja quem possa considerar como expressão de nacionalismo o que este movimento apregoa.

Para se ter uma idéia do que o MST classifica como terra adequada para a ocupação, podemos citar o exemplo da empresa agro-industrial ARAUPEL.

O MST prega que a Reforma Agrária resolverá o problema dos sem terra, aumentará a produção, distribuirá renda e riqueza, dinamizará a economia, acabará com a fome e a miséria, gerará milhões de empregos e trará dignidade para uma grande parte da população. Para isso, prega que é preciso estabelecer um tamanho máximo por região de 35 vezes o módulo rural regional - todas as propriedades acima disto deveriam ficar passíveis de Reforma Agrária. Segundo o MST é a elite, a classe dominante que governa o Brasil, que não quer a Reforma. São eles os banqueiros, industriais, grandes empresas, sócios de multinacionais, todos também latifundiários.

Em relação à ARAUPEL, o MST diz que é o maior latifúndio do Paraná, abrangendo os municípios de Rio Bonito de Iguaçu, Nova Laranjeira e Quedas do Iguaçu. O movimento diz que a maior parte das terras foi grilada e muitos posseiros assassinados pelos seus prisioneiros. Pela sua extensão e pela qualidade dos solos, segundo o MST, a ARAUPEL gera pouquíssima produção, quase não gera impostos, pouco dinamiza e movimenta a economia local e emprega poucas pessoas. A riqueza produzida fica com pouquíssimas pessoas e não é aplicada no município nem na região. Para o MST, desapropriando esse latifúndio e fazendo assentamentos, daria para assentar milhares de famílias e a produção de riquezas na região se multiplicaria por 5 vezes, aumentando a circulação de mercadorias na região, principalmente no município de Quedas do Iguaçu. As florestas que ainda existem são totalmente degradadas, conforme atestaram em documentos e pronunciamentos vários órgãos e as entidades ambientalistas. Para o MST, essas florestas devem ser preservadas.

Agora, vamos aos números da ARAUPEL. A empresa exerce forte influência sobre o perfil sócio-econômico da região. Seus 1600 colaboradores diretos são a base da movimentação econômica do município de Quedas do Iguaçu - cidade com 27 mil habitantes. A ARAUPEL responde por 70% da arrecadação local, emprega 1.400 trabalhadores registrados e contrata outros mil terceirizados. A ARAUPEL produz 250 mil metros cúbicos de molduras, painéis e componentes de madeira para a indústria da construção civil, por dia, é a maior exportadora brasileira de molduras, painéis e componentes para a construção civil, movimentando US$ 3 milhões por mês e respondendo por cerca de 15% das exportações do país, neste setor. Toda a produção é exportada para Estados Unidos, Canadá e Europa. A empresa exporta US$ 32 milhões de produtos de madeira, produz US$ 5milhões em cereais, com lavoura mecanizada, e US$ 1 milhão em erva mate, respondendo por 52% do ICMS recolhido no Município de Quedas do Iguaçu.

Em 1996, o MST ocupou este latifúndio e obrigou o governo comprar 27 mil hectares da ARAUPEL, onde hoje estão assentadas 1480 famílias. Em 2003, mais de dois mil sem-terra invadiram a fazenda da empresa novamente, dessa vez requisitando mais 25 mil hectares. O superintendente do Incra-Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, e a ouvidora agrária nacional adjunta, Maria de Oliveira, estiveram no local colhendo informações para a elaboração de uma proposta de compra, pelo Incra, de parte da propriedade para o assentamento definitivo dos sem-terra. Na ocasião, a ARAUPEL afirmava que a propriedade não estava à venda, principalmente porque, no passado, já havia cedido 1/3 de sua área para o Incra (entre 1996 e 1998 a empresa reduziu sua propriedade em 28 mil hectares). Desde 1999, 800 famílias de sem-terra ocupam uma área de cerca de 4,2 mil hectares. A recente invasão é considerada uma das maiores ações do MST em 2003 e provocou a revolta dos moradores do município, que pedem a expulsão dos sem-terra.

Em 2006, a situação é a seguinte: 25 mil hectares da ARAUPEL serão desapropriados. A empresa e o Incra fecharam um acordo para o pagamento de R$ 75 milhões pelas benfeitorias. Mas o dinheiro está depositado numa conta judicial e ainda não chegou às mãos da empresa. Há um processo na Justiça Federal para determinar se os títulos de propriedade da ARAUPEL sobre as terras que ocupa são nulos ou válidos. Se a Justiça concluir que os títulos são válidos, o Incra também deverá indenizar a empresa pelo valor da terra nua. Se a conclusão for pela nulidade, a ARAUPEL só terá direito mesmo ao pagamento das benfeitorias.

A crise agrícola acabou por cortar 3 milhões de empregos, em razão da perda de 8 milhões de hectares da área plantada desde 1989. Crise agravada por falta de política agrícola, custo de capital incompatível com a atividade e ataque aos agropecuaristas por parte do MST e do Governo, através do INCRA.

O INCRA foi tomado por pessoas comprometidas com a visão ideológica de esquerda sobre a Reforma Agrária, que a utilizam com nítidos objetivos pessoais, e que transformaram um órgão público em “cartório de reforma agrária”, comprometendo a sua imparcialidade. Em razão disso, os chamados “laudos de produtividade” são elaborados por agrônomos que incentivam as invasões de fazendas visivelmente produtivas.

O MST e o INCRA também têm como alvo as fazendas de pecuária extensiva, cuja produção é estratégica por não concorrer na cadeia alimentar do homem. No Brasil produz-se proteína vermelha apenas com a luz do sol e com capim. Os capitais internacionais ligados ao agrobusiness pretendem que o Brasil confine gado para importar mais milho e outros grãos, criando um fabuloso mercado consumidor de 160 milhões de reses.

Também não escapam das ações do “terror transnacional” os transgênicos – produtos obtidos através de manipulação genética das espécies para gerar outros produtos mais eficientes em termos de resistência a pragas e mais competitivos, principalmente no mercado de exportações. Nossa soja é um exemplo. Ela vem sendo boicotada justamente para que não haja desenvolvimento do setor, que se tornaria extremamente competitivo e ameaçaria a hegemonia de países como os EUA. O mundo consome uma série de produtos geneticamente modificados, há anos e anos, sem que isto tenha sido motivo de alarme “natureba” e muito menos de boicote por parte de importadores de um modo geral. Assim como inferniza os plantadores de pinus da indústria de celulose (pela sua eficiência, é claro), o MST também age contra os plantadores de soja transgênica. Como não poderia deixar de ser, o movimento não está só: a campanha contra os transgênicos de países em desenvolvimento é uma das bandeiras da ONG Geen Peace (uma das maiores defensoras dos interesses das transnacionais do Governo Mundial).
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MST destrói em SC plantação de soja considerada transgênica

JAIRO MARQUES - da Agência Folha - 06/02/2001 - 19h49

Integrantes do MST de Santa Catarina destruíram hoje dois hectares de uma plantação de soja que, segundo os sem-terra, seria transgênica. A ação aconteceu um dia após a visita de João Pedro Stedile, ideólogo do MST, ao Estado. Ele anunciou uma ofensiva contra os alimentos geneticamente modificados. O ataque aos transgênicos entrou na pauta dos sem-terra já no fim do ano passado, com ações em Pernambuco; mas, foi durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, semana passada, que o MST empunhou oficialmente a nova bandeira.

Com o líder agrário francês José Bové, o MST destruiu uma lavoura de pesquisa da multinacional Monsanto. Cerca de cem pessoas participaram do ato, que ocorreu em uma pequena propriedade rural em Linha Simonete, em Chapecó (630 km a oeste de Florianópolis). Estudantes de agronomia, membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e do Movimento de Mulheres Agricultoras também estiveram presentes. O proprietário da plantação é Neuro Zanrosso, que estava no Mato Grosso do Sul e não foi localizado. A área total plantada era de três hectares. Dois hectares foram destruídos.

O MST informou que concluiu que a lavoura era transgênica porque, na semana passada, integrantes do movimento teriam aplicado um herbicida nas plantas que reagiria caso a plantação não fosse geneticamente modificada. O diretor-técnico da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Gilmar Jacobowski, afirmou que existe um tipo de herbicida que mata a soja não-transgênica, mas não soube dizer se os sem-terra têm acesso a ele. A Polícia Militar de Chapecó informou que não foi acionada para intervir na ação. Os manifestantes deixaram o local logo após arrancarem a soja. As lideranças do MST em Santa Catarina prometem novas ações em supostas áreas de plantação transgênica no Estado nos próximos dias.
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Outro exemplo. No início da década de 80, a região do Pontal do Paranapanema, liderada por Presidente Prudente, vivia intenso progresso econômico em razão de sua vocação natural para a pecuária de corte. As terras arenosas do Pontal não se prestam para a agricultura, porque a aração constante provoca erosão. Esta dificuldade foi contornada pelos ruralistas locais, com a exploração da pecuária extensiva, que protege o solo com o capim.

Porém, para infelicidade dos seus habitantes, a região é estratégica para o MST, por estar na fronteira de três Estados da União – São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul – além de ser próxima à fronteira com o Paraguai. Na área estão instaladas várias usinas hidrelétricas, de sorte que o seu controle é fundamental para movimentos terroristas.

Nos anos oitenta, André Franco Montoro governava São Paulo. De formação esquerdista, era favorável à socialização do campo. Esta conjugação política entre Montoro e Sarney, então presidente, decretou a decadência econômica do Pontal do Paranapanema. Para viabilizar a desestruturação fundiária no Pontal, membros da Procuradoria do Estado de São Paulo e do Ministério Público Estadual planejaram lançar dúvidas sobre as propriedade das fazendas da região. Ressuscitaram antigas ações discriminatórias para convencer a opinião pública de que as terras de quase todo o Pontal seriam devolutas. Com base nesse artifício, Montoro confiscou uma fazenda modelo, nela alojando o MST.

Como era impossível desapropriar todas as fazendas para reforma agrária, o Governo do Estado destruiu o domínio das propriedades. Mas, mesmo sem indenizar as terras, era necessário pagar os fazendeiros pelas suas benfeitorias, e não havia dinheiro para isso. A solução para quebrar a resistência dos produtores rurais e lhes tirar os recursos para custear demandas judiciais foi promover o terrorismo, em todo o Pontal, usando o MST para invadir e destruir as fazendas. Desde então, de forma covarde, sistemática e criminosa, os governos de São Paulo, desde Montoro até Covas, vieram sustentando a ação criminosa da guerrilha, garantindo-lhe recursos e, o principal: a impunidade.

Essa ação deletéria favorece os interesses das transnacionais do Governo Mundial, na guerra comercial por empregos e mercados, uma vez que destrói, de dentro para fora, a agropecuária, que era praticamente o único seguimento superavitário da balança comercial (13 bilhões de dólares em 1999). É bom ressaltar, ainda, que a pecuária extensiva é estratégica para o Brasil, porque produz carne, com capim e sol, sem concorrer na cadeia alimentar do homem.

Os conspiradores em ação (desde o Pontal) usurparam os poderes da máquina do Estado em proveito de seus objetivos ideológicos. Pretendendo destruir a estrutura fundiária, para implantar a sua “nova ordem” (levar a revolução do campo para a cidade), golpeiam de morte a balança comercial, o abastecimento, a “usina de empregos”, as instituições e a vida dos cidadãos, favorecendo, consciente ou inconscientemente, os rapinantes e os concorrentes internacionais do Brasil, de quem obtém apoio político e econômico, através das chamadas ONGs. Em síntese, seu objetivo é tomar o poder através de Golpe de Estado, cuja ação já desencadearam.

No governo de Fernando Henrique Cardoso a situação não só não se modificou como piorou – como num plano maquiavélico de continuidade de um projeto entreguista de destruição. A lógica, entretanto, não explicaria a persistência do governo FHC em apoiar o desagregamento do sistema produtivo de alimentos no país. O Ministro Paulo Renato, companheiro de exílio de FHC no Chile, era abastecido de alimentos por seu irmão, fazendeiro no Rio Grande do Sul, que mensalmente ia ao Chile de caminhonete para levar-lhe comida. O Chile de Alliende vivia um racionamento de alimentos, em razão de desastrosa reforma agrária promovida pelo governo. Fernando Henrique viveu isso, portanto, não poderia ignorar o que estava provocando.

FHC e sua equipe, desconsiderando que imposto no campo é confisco na mesa, acuaram os produtores brasileiros de alimentos, com toda sorte de medidas contrárias à atividade: 1) juros extorsivos, incompatíveis com a atividade agropecuária; 2) instabilidade política, permitindo que a guerrilha do MST e de congêneres invadisse e destruísse inúmeras fazendas, inibindo o investimento no setor; 3) câmbio desfavorável e taxação das exportações, quando todos os países subsidiam os exportadores; e, finalmente, como já foi citado, 4) reforma agrária - política que naufragou em todo o mundo por contrariar princípios econômicos, comprometer o abastecimento e socializar prejuízos, além de implementar o assistencialismo.

Diante das agruras e perseguições, os agropecuaristas, com certeza, deixariam de investir na atividade e isso fez com que o maior país agrícola do mundo acabasse importando alimentos da América e Europa, a custa de endividamento. A abertura desenfreada do mercado levou o país, que já foi auto-suficiente em trigo, por exemplo, a importar em média 6 milhões de toneladas de trigo, em 1998. A safra de algodão também despencou e o milho que teve a menor área plantada desde 1987.

No governo de Lula a situação piorou muito e, apesar de todos os escândalos de corrupção que envolveram (e ainda envolvem) seu governo, ele continua lá, firme e forte no poder. Em sua passagem pela presidência da república, Fernando Collor de Melo, por muito menos, foi forçado a renunciar antes do final de seu mandato. Não vou falar sobre isso agora, mas, vale adiantar que, entre outras coisas, Collor era radicalmente contra o tipo de reforma agrária que todos os outros presidentes não só permitiram como incentivaram.

Uma última questão deve ser lembrada nesta parte da série de artigos. Para o mercado norte-americano de exportações agrícolas, seria desastroso um corredor de exportação do Brasil através do Peru, com o apoio do Japão. Essa iniciativa encurtaria em dois terços a rota de exportação para o Oriente, desenvolveria o norte do país consolidando a Amazônia Brasileira e poria em risco os 193 bilhões de dólares em exportações americanas para a Ásia. Toda a exportação de grãos produzidos em Mato Grosso e Rondônia (23% da produção nacional) escoaria pelo Pacífico ao invés de fazer “turismo” pelo Amazonas e pelo Atlântico.

É importante que se faça uma revisão do que foi visto até agora para que não percamos o foco. Quando se iniciou o processo de reversão da Zona de Retaguarda (América do Sul, abaixo do Equador) do Ocidente para o Oriente é preciso ter em mente que este jamais seria possível se o próprio Ocidente não estivesse vindo a vivenciar, gradativamente, uma crescente onda de infiltração gramsciniana que, por sinal, pôde provar, pela primeira vez, sua capacidade de ação, na Guerra do Vietnã.

A financeirização da economia e a desmercantilização do capitalismo foram, aos poucos, permitindo uma cada vez maior e irreversível transferência de riqueza e de poder para as mãos dos idealizadores da Nova Ordem Mundial. De modo que aquilo que ficou, e ainda é, inadvertidamente, conhecido como o império norte-americano foi sendo desmontado cuidadosa e meticulosamente até que viesse a se tornar a mera figura de linguagem em que hoje se transformou, e por trás da qual age, na realidade, o Governo Mundial, inclusive e necessariamente em detrimento do povo e do Estado norte-americanos. Revezam-se na presidência dos EUA homens ligados e indicados pelo centro de comando e de poder do governo mundial – o CFR (Council on Foreign Relations).

Na medida em que o grande império americano foi sendo tomado e a Zona de Retaguarda Ocidental dominada, foi-se ganhando tempo para que o Oriente organizasse seus sistemas de defesa antinuclear e sua capacidade de ataque – já, agora, descentralizada e diversificada. A pergunta é: não seria então mais fácil, já que tudo parece estar dominado, simplesmente acabar com a corrida nuclear e desarmar o planeta, de modo a não correr riscos de desastres de grandes proporções? Não. E não é muito difícil entender o porquê. Hoje, e ainda assim será por muito tempo, é preciso que exista a sensação de ameaça e de medo permanentes, para que se possa controlar os indivíduos e, conseqüentemente, as sociedades. Muita coisa hoje já se aceita sob a alegação de ser um mal necessário para que se tenha segurança. Nesse processo de dominação para a instalação da Nova Ordem Mundial, não está descartado, de modo nenhum, a eventual necessidade de ataques nucleares que sirvam ao mesmo tempo para eliminar inimigos incômodos como também para constituir futuros elementos de coação e controle.

Continua...


IMPORTANTE:
Uma boa parte do que está escrito nesta parte da Série, foi baseada nas preciosas informações que recebi de um amigo internauta. Trata-se de um trabalho – O FIO DA MEADA – de autoria do Dr. Antônio José Ribas Paiva - Presidente da União Nacionalista Democrática. Embora sua visão do “inimigo” seja diferente da minha, o que, evidentemente, faz com que nossas estratégias de reação sejam diferentes em significativos detalhes, acredito que, na realidade, os dois trabalhos (o dele e o meu), até certo ponto, sejam complementares.

2 comentários:

RichardCooper disse...

Parabens pelo post, contudo, espero que essa apesar de logica não tao real, apesar denao conhecer a realidade do Brazil sempre achei estranho como um pais enorme como o Brazil, existe um movimento dos sem terra

Anônimo disse...

Parabéns pelo trabalho desenvolvido aos interesses nacionais, esquecidos dos palanques de debates políticos eleitorais. Um assunto que me interessa muito é o da reforma agrária e agora com o batráquio, a função social da propriedade urbana. Se fala muito em latifúndio improdutivo e injustiças dos mais afortunados para com os desassistidos, ora, por acaso existe um apenas assentamento produtivo? Os assentamentos e acampamentos e outros modos coletivos não são assistidos com dinhiero, cesta basíca, divulgação e todo o aparato governamental? A polícia que falta na cidade para proteger o cidadão dos bandidos sobra nas invasões para proteger os sem terra e sem vergonha também. Sem terra pode incendiar caminhão, fazenda, plantação, porém o proprietário não pode se defender. Perdemos a esperança com a frouxidão do Geraldo Alckmin e agora será um Deus nos acuda, para o mal do Brasil.